O ex-ajudante de ordens Mauro Cid e seu pai, o general Mauro Lourena Cid, prestam depoimento à Polícia Federal (PF) na tarde desta terça-feira (18) no âmbito do inquérito que apura o caso das joias e artigos de luxo que Jair Bolsonaro teria subtraído do acervo da Presidência da República e tentado vender nos Estados Unidos.
Mauro Cid prestou seu último depoimento à PF em abril e, desta vez, será ouvido para falar sobre a nova joia que Bolsonaro teria surrupiado e que foi descoberta recentemente pela PF.
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A nova descoberta ocorreu durante as diligências da PF nos EUA, país em que emissários do ex-presidente teriam vendido algumas dessas joias e tentado negociar outras. Os investigadores descobriram um vídeo que mostraria a suposta negociação desta nova peça, cujo paradeiro, até o momento, é desconhecido.
As diligências nos EUA contaram com o apoio do FBI (Federal Bureau of Investigation) e ocorreram em diversas cidades americanas, como Miami (Flórida), Wilson Grove (Pensilvânia) e Nova York. Nelas, os policiais conseguiram depoimentos de comerciantes, documentos e imagens de câmeras de segurança.
Marcados para às 15h desta terça, os depoimentos de Mauro Cid e seu pai devem marcar a última etapa da investigação sobre o caso. Segundo os investigadores, o inquérito deve ser finalizado ainda neste mês de junho e, na sequência, a PF deve indiciar Jair Bolsonaro. O Ministério Público Federal (MPF) então analisará o indiciamento e decidirá se oferece denúncia à Justiça, que, se aceitá-la, tornará o ex-presidente réu e o deixará mais perto da prisão.
Diretor da PF: nova joia "robustece" investigação
Para Andrei Rodrigues, o diretor-geral da PF, a nova joia “robustece a investigação” que pode levar Bolsonaro à cadeia. A investigação encontra-se no estágio final e deve resultar no indiciamento do ex-presidente por peculato, com pena de 2 a 12 anos de prisão e multa. Caso a sentença seja superior a 8 anos, Bolsonaro terá que cumprir pena em regime fechado - ou seja, na cadeia.
"A nossa diligência localizou que, além dessas joias que já sabíamos que existiam, houve negociação de outra joia que não estava no foco dessa investigação. Não sei se ela já foi vendida ou não foi. Mas houve o encontro de um novo bem vendido ou tentado ser vendido no exterior", explicou o diretor da PF.
As investigações apontam que emissários de Bolsonaro tentaram vender quatro joias nos EUA: duas presenteadas pela Arábia Saudita e outras duas pelo Bahrein. Para a PF, trata-se de organização criminosa montada em torno do ex-presidente com o objetivo de desviar os objetos de luxo.
Relógios das marcas Rolex e Patek Philippe, avaliados em 68 mil dólares à época, ou R$ 347 mil, foram vendidos para a empresa Precision Watches. Mauro Cid esteve pessoalmente em Wilson Grove (Pensilvânia) pra fazer o negócio. Os federais estão em posse de um comprovante de depósito encontrado no celular do ex-ajudante de ordens.
PF: Bolsonaro furtou joias e deu aval para venda nos EUA
A conclusão pela Polícia Federal das investigações sobre as joias e a carteira de vacinação aumentou a fervura na horda de apoiadores de Jair Bolsonaro, que terá o indiciamento pedido pelos investigadores nos dois casos - cabendo ao Procurador-Geral da República (PGR), Paulo Gonet, a abertura ou não de processos criminais contra a organização criminosa capitaneada pelo ex-presidente.
Após incursão nos EUA, a PF vai incluir no relatório provas contundentes de que Bolsonaro sabia do furto das joias do acervo da presidência e deu aval para a venda dos objetos nos EUA.
As joias foram surrupiadas pelo ex-presidente e levadas no avião durante a fuga de Bolsonaro para os EUA às vésperas da posse de Lula, em dezembro de 2023. Lá, coube ao general Mauro Lourena Cid, pai do tenente-coronel Mauro Cid, iniciar as negociatas para levantar valores milionários com a venda dos presentes.
Nos EUA, os investigadores conseguiram imagens e entrevistas que provam que Bolsonaro sabia que a venda das joias era ilegal - e deu aval à negociata mesmo assim. Além disso, as operações de recompra dos objetos, que envolveu, entre outros, o advogado Frederick Wassef, foram detalhadas e mostram que a quadrilha sabia da ilegalidade da operação.