O Projeto de Lei 1904, apelidado pela maioria dos brasileiros de ‘PL do Estupro’, pois tenta mandar para cadeia por 20 anos mulheres estupradas que se submeterem legalmente ao aborto após 22 semanas de gestação, uma pena maior que a dos violadores, ainda rende forte repercussão na sociedade e na imprensa do país. E foi nesse contexto de debate que dois deputados-pastores foram para um ‘duelo’ no canal a cabo de notícias GloboNews.
Henrique Vieira (PSOL-RJ) e Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), o fundamentalista evangélico autor do PL do Estupro, como integrantes da religião cristã em questão, partiram, em tese, de uma equivalência de “força, legitimidade e doutrina” para se enfrentarem num debate. No entanto, o que se viu foi uma verdadeira ‘surra’ do parlamentar progressista contra o ‘colega’ de Câmara, que ficou a certa altura sem fala.
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“O deputado Sóstenes tem o direito de colocar a opinião dele acerca dele, não projetar sobre mim. Eu não disse que sou favorável ao aborto, eu sou contra a criminalização das mulheres que fazem o aborto. Aliás, nós que somos de igreja, eu até pergunto, porque mulheres evangélicas e católicas também fazem aborto: se elas procurarem o Sóstenes, no gabinete pastoral, para um aconselhamento dizendo que fizeram um aborto, qual vai ser a medida pastoral? Eu sei que o mais importante é a legislação, é a Constituição... Mas qual é a medida pastoral? Eu estou imaginando uma mulher que chega assim, no gabinete pastoral da igreja do Sóstenes, o pastor solenemente vai levá-la à delegacia... É isso! A consequência da visão de mundo que ele está propondo, até do ponto de vista religioso, é pegar essas irmãs e dizer ‘olha, independente do seu contexto, independente da sua dor, independente da violência que você sofreu, independente se você corre risco ou não, independente da sua idade, eu preciso te levar a uma delegacia e defendo que você tenha uma pena de 20 anos... Essa é a nossa diferença... Ninguém aqui está romantizando ou idealizando o aborto, eu estou dizendo que as mulheres precisam ser respeitadas, elas têm que ser escutadas, elas têm que ser contextualizadas, que elas não podem ser presas em nenhuma hipótese por isso, e isso eu vou continuar defendendo como cidadão e vou continuar defendendo como cristão. E quando eu disse ‘o cristianismo deles’ é porque eu reconheço, Sóstenes, que há diversidade no campo cristão... Eu não reivindico para mim o poder de falar em nome de todo o cristianismo”, disse Henrique Vieira, enquanto Sóstenes parecia claramente constrangido no quadrante ao lado.
Veja o vídeo com o ‘massacre’:
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