“EDUCAÇÃO NÃO É GASTO”

Nova proposta do governo não convence e greve nas universidades federais continua

Paralisações entram no terceiro mês e abrangem 61 instituições; MGI não tocou em questões salariais durante as negociações

Greve nas Universidades Federais.Créditos: Sindiedutec
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Uma nova reunião entre os sindicatos que representam os professores das universidades federais e os ministérios de Gestão e Inovação em Serviço Público (MGI) e da Educação ocorreu nesta sexta-feira (14). O governo fez uma nova proposta aos docentes, mas não convenceu, e a greve irá continuar.

As paralisações, iniciadas em abril, já entram no seu terceiro mês e abrangem, ao todo, 61 instituições.

Entre as novas propostas do MGI estava a revogação da portaria 983, que ampliava a carga horária da categoria, e a criação de um grupo permanente de trabalho que busca discutir a reestruturação da carreira acadêmica. Dois itens que são, de fato, do interesse dos professores, mas que não configuram o objeto central da greve: o reajuste salarial.

Os professores querem reajustes de 3,69% em agosto deste ano, 9% em janeiro de 2025 e 5,16% em 2026. Mas o governo e a ministra Esther Dweck (MGI) se mantiveram irredutíveis quanto à possibilidade de reajuste ainda em 2024. O argumento do governo é de que não há mais espaço orçamentário. A proposta inicial do governo prevê reajustes de 9% em 2025 e 3,5% em 2026.

Sem um incremento na proposta salarial, o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN) decidiu continuar com as mobilizações. Ao longo da próxima semana, os novos pontos propostos pelo governo serão levados às assembleias da categoria, que avaliarão se serão suficientes para o encerramento da greve.

O mais provável é que a categoria rejeite a oferta, dado o histórico das negociações e as pretensões dos professores. Nas redes sociais, os grevistas têm recordado uma promessa de campanha do presidente Lula (PT), de que em seu governo “educação não é gasto, mas investimento”.

O Palácio do Planalto, buscando alternativas para atender ao setor, lançou nesta semana um Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) específico para as universidades federais. A ideia é buscar R$ 5,5 bilhões em investimentos.

O ministro da Educação, Camilo Santana, que andava pela lateral dos debates, finalmente apareceu e anunciou um aporte de R$ 400 milhões para fortalecer o caixa das instituições federais. Desse montante, R$ 279 milhões vão para universidades e o restante para institutos federais.