A deputada Julia Zanatta (PL-SC) utilizou o racismo e a transfobia para atacar a parlamentar Erika Hilton (PSOL-SP). Zanatta se mostrou indignada com o fato de Hilton ter entrado com uma ação contra Nikolas Ferreira (PL-MG) pelo crime de transfobia.
Na tribuna da Câmara, Julia Zanatta, ao se referir a Erika Hilton, a chamou de "pessoa" e usou do racismo ao afirmar que "o cabelo de Erika não é dela".
Te podría interesar
"Semana passada, na Comissão do Direito das Mulheres, essa deputada foi xingada, agredida por uma pessoa que se acha no direito de chamar outra deputada de feia, mandar hidratar o cabelo, me chamar de ridícula. Acha que está livre para proferir as piores ofensas porque usa saia e um cabelo que não é dela", disparou Julia Zanatta.
Transfobia: Erika Hilton aciona MPF contra Nikolas Ferreira
A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) entrou com uma ação no Ministério Público Federal (MPF) contra o colega de casa Nikolas Ferreira (PL-MG) pelo crime de transfobia.
Te podría interesar
Além disso, Erika Hilton protocolou uma representação civil em que pede que o deputado Nikolas Ferreira seja condenado a pagar uma indenização de R$ 5 milhões por danos morais coletivos.
"Pelo menos ela é ela"
A ação de Erika Hilton tem por motivação um ataque que ela sofreu por parte de Nikolas Ferreira durante audiência da Ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, na Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Câmara dos Deputados.
Na ocasião, Erika Hilton discutiu com a deputada Júlia Zanatta (PL-SC), a qual classificou como "ridícula", "feia" e "ultrapassada". Nikolas Ferreira, que estava ao lado de Erika, saiu em defesa de Zanatta e atacou a deputada psolista com transfobia: "Pelo menos ela é ela", disparou Ferreira.
Confira no vídeo abaixo o momento em que Nikolas Ferreira ataca Erika Hilton:
Nikolas Ferreira é humilhado por ministra das Mulheres durante audiência
Na quarta-feira (5), a Câmara dos Deputados foi palco de uma série de baixarias protagonizadas por deputados da extrema-direita. Uma delas se deu no Conselho de Ética que, após arquivar denúncia contra o deputado André Janones (Avante-MG), se tornou alvo de variadas violências por parte de bolsonaristas que, revoltados, partiram para cima de Janones.
Porém, na mesma quarta-feira, a Câmara realizou uma audiência com a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, que foi convocada para prestar esclarecimentos sobre o trabalho de sua pasta, o que é praxe no Congresso. No entanto, parlamentares da extrema-direita tumultuaram a audiência.
Um dos momentos mais baixos, vejam só, foi protagonizado por Nikolas Ferreira (PL-MG), que repetiu a ladainha transfóbica e tentou pregar uma armadilha para a ministra Cida Gonçalves.
"Daqui a pouco vai ter pessoas falando, 'eu sou mulher trans e estou grávida', 'eu sou mulher trans e menstruo'. Ora, não menstrua e não engravida. Ponto. Vocês não têm condição de dizer o que é uma mulher. Sabe por que, ministra? Porque caso contrário, você sim irá sofrer um cancelamento. Se você definir o que é mulher hoje e, se você não definir, você estará basicamente dizendo que a ministra das Mulheres do Brasil não consegue, não pode ou não quer definir o que é mulher", questionou Nikolas Ferreira.
Ao responder, Cida Gonçalves deu uma aula do que é fazer política pública para Nikolas Ferreira e o deixou desconcertado. "É por isso que para nós é tão caro ter uma Secretaria das Mulheres nos estados e municípios. É por isso que nós precisamos ter as secretarias de mulheres para que possa dar conta de que no município cobre do prefeito, que no estado cobre do governador, para que nós possamos ter uma política que dê conta - e aí sim eu já vou começar a responder o deputado - da diversidade do que são as mulheres brasileiras", disse.
"Nós já definimos o nome que é Ministério das Mulheres, não é Ministério da Mulher, porque o Ministério das Mulheres tem que trabalhar a partir de uma perspectiva do que são as diversas mulheres brasileiras. As mulheres que estão em São Paulo, não são as mesmas mulheres que estão na floresta amazônica, não são as mesmas mulheres que estão no Pantanal. Nós precisamos pensar as mulheres na sua diversidade, na sua pluralidade e na sua realidade. É dessa forma que nós pensamos política pública para as mulheres [...] não é discutir única e exclusivamente o que é ser mulher, mas é o que nós podemos fazer para as mulheres brasileiras e esse é o papel do Ministério das Mulheres".
Em seguida, a ministra mostra para o deputado como se pensa uma política pública. "Eu também quero dizer para o senhor, com todo o respeito, deputado, assim como o senhor fez comigo, eu não acho que a discussão que o senhor está trazendo é uma discussão ideológica, não acho que é uma questão ideológica. Nós estamos pensando em políticas públicas e política pública precisa ser definida a partir de alguns elementos que são fundamentais dentro do Estado e da história. Você tem que pensar a partir da realidade, a partir do orçamento que você tem, a partir da sua capacidade de execução, a sua capacidade de monitoramento, isso é pensar política pública”.
Em seguida, Cida Gonçalves rebate a acusação de Nikolas Ferreira de que ela estaria com medo de discutir a categoria "mulher". "Com relação à questão do medo, que o senhor disse, não é medo, eu não tenho medo de fazer debates, eu só escolho os debates que eu tenho que fazer e quais são aqueles que são estratégicos para ajudar as mulheres do meu país a avançar".
Confira o momento no vídeo abaixo: