O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF) , intimou o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL-RJ), a prestar explicações sobre a operação policial no Complexo da Maré que teve início na manhã desta terça-feira (11) e já dura mais de 30 horas.
A decisão do ministro ocorre após um pedido do PSOL e da Defensoria Pública do Rio de Janeiro devido à escalada violenta da operação, que já deixou ao menos três mortos e recebeu uma série de denúncias de violações de direitos dos moradores.
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“Intime-se mediante ofício, com urgência, a ser remetido pelo meio mais célere possível, o Excelentíssimo Governador do Estado do Rio de Janeiro, para que tome ciência da petição (eDOC 1008) protocolada neste Tribunal às 19h40, nesta data, e informe de pronto, nos autos, as providências tomadas”, diz a decisão de Fachin.
A operação desta terça-feira é a 16ª no Complexo da Maré apenas este ano. O pedido do PSOL ao STF também requer, com urgência, informações sobre o uso de câmeras corporais pelos policiais. Além disso, solicita que ambulâncias estejam disponíveis na região e que os locais onde ocorreram mortes sejam preservados para análise da perícia.
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Operação na Maré
Durante toda terça-feira (11), os moradores do Complexo da Maré viveram cenas de horror após o início das operações policiais, que provocaram um cenário de guerra na comunidade. As principais vias de acesso à área foram fechadas, além de ônibus incendiados na Avenida Brasil. Até o momento, três pessoas foram mortas, sendo dois moradores e um policial do Bope.
Durante as operações, o jornal comunitário Maré de Notícias divulgou denúncias de violações de direitos, como casas invadidas, pertences pessoais revirados e até mesmo roubados.
A rotina de medo e violência atinge novamente a Maré. Moradores foram acordados com intenso tiroteio em várias localidades, como Vila do João, Vila do Pinheiro, Salsa e Merengue, e Baixa do Sapateiro. Relatos de granadas, helicópteros, invasões de domicílios e danos a veículos marcaram o dia.
Além disso, as operações impediram que 15 mil estudantes conseguissem ir à escola e trabalhadores não puderam comparecer aos seus empregos. "Esse é o saldo de uma política de segurança pública eficaz? É justo que 140 mil moradores vivam momentos de terror e tenham suas vidas interrompidas por essa violência armada?", questiona o jornal.
A Redes da Maré, organização que luta pela garantia de direitos da população local, também se manifestou sobre a operação e divulgou informações.