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O que Lira quer com proposta de mudar regimento para poder afastar deputados

Presidente da Câmara dos Deputados diz que intenção é conter os casos de violência física que vêm acontecendo, mas medida é capciosa e teria outras intenções perigosas

Créditos: Bruno Spada/Câmara dos Deputados
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O todo-poderoso presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), responsável por capitanear a rebelião parlamentar que tenta de todas as formas promover um cerco ao governo Lula (PT) e deixá-lo fragilizado, agora tomou uma nova iniciativa em relação aos seus pares: quer mudar o regimento interno da Casa e permitir o afastamento de deputados de forma unilateral, sem apreciação do Conselho de Ética e Decoro.

Lira apresentou a melhor das intenções, mas, como bem sabemos, de boas intenções o inferno está cheio. Assim como o Congresso Nacional. Para o deputado alagoano, tal medida seria para conter os casos exaustivos de embate físico que vêm ocorrendo na Câmara, algo que já se tornou banal, muitas vezes envolvendo até agressões. É estranho o veterano parlamentar, uma raposa da política brasileira, não perceber que tal comportamento só teve início após a chegada da extrema direita bolsonarista à Casa.

E é justamente aí que mora o problema. Alguém acredita que os afastamentos arbitrários e unilaterais, partindo dele ou do presidente de alguma comissão (as mais importantes estão nas mãos de bolsonaristas e são nelas que a pancadaria vem correndo solta), serão voltados a esses integrantes ultrarreacionários que transformaram o local que deveria ser “a casa do povo” num circo de horrores?

Deputados do campo progressistas afirmam que a verdadeira intenção de Lira seria a de ter nas mãos poderes para tirar de cena parlamentares da base do governo que fazem uma defesa aguerrida do Executivo federal e das pautas da esquerda. Após um embate qualquer, ou uma frase mais dura, o deputado estaria vulnerável e poderia ser punido, diferentemente dos bolsonaristas, que se sentiriam livres para seguirem com os ataques violentos.

Para a deputada federal Luiza Erundina (PSOL-SP), que na última semana precisou ser hospitalizada, chegando a permanecer por algumas horas numa UTI, por conta da selvageria bolsonarista, classificou a medida tentada por Lira como “absurdo”.

“O presidente da Câmara, deputado Arthur Lira, quer votar ainda hoje um Projeto de Resolução que pode conceder a ele o poder de afastar deputados do exercício do mandato com medida cautelar antes mesmo de uma decisão do Conselho de Ética. É absurdo! PSOL votará não!”, postou em sua conta oficial no X (antigo Twitter).

Quem também se voltou contra as intenções de Lira foi o deputado Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ), que chamou a ideia do presidente da Câmara de alterar o regimento interno da Casa para poder punir unilateralmente parlamentares de “autoritária”.

“Pode ser votado ainda hoje um projeto que concede ao presidente da Câmara, Arthur Lira, junto à Mesa Diretora, o poder de afastar deputados dos seus mandatos de forma cautelar, sem passar pelo Conselho de Ética. Uma medida absurda e autoritária, que vai acabar prejudicando quem se opuser a Lira e seus aliados”, reclamou Vieira também nas redes sociais.

Atualização

A Câmara dos Deputados aprovou na noite desta terça-feira (11) a urgência do projeto e durante a votação, o presidente Arthur Lira chamou a atenção dos parlamentares por conta das recentes brigas registradas no parlamento. Com a urgência aprovada, o projeto deve ser ir a plenário já na próxima quarta-feira (12), sem precisar passar pelas comissões.