O nome de Pablo Marçal, coach bolsonarista de extrema direita, voltou a figurar entre os trends por um motivo nada agradável: Marçal espalhou uma fake news de que a Secretaria da Fazenda do Rio Grande do Sul estaria exigindo nota fiscal das doações para socorrer as milhares de famílias afetadas pelas chuvas e enchentes.
A Brigada Militar do RS teve que ir à público desmentir Pablo Marçal: "A Brigada Militar reforça que não está realizando fiscalizações em embarcações, não está cobrando notas fiscais ou impedindo a circulação de alimentos. Como instituição de segurança pública, todas nossas forças estão voltadas em salvar vidas e manter a ordem pública", afirma o porta-voz.
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Pablo Marçal e outras pessoas que têm espalhado fake news sobre o Rio Grande do Sul serão investigadas pela Polícia Federal.
Quem é Pablo Marçal?
Mas, quem é essa figura que, muitas vezes, parece ser onipresente no cenário político e digital brasileiro?
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Batizado Pablo Henrique Costa Marçal, nasceu no dia 18 de abril de 1987. Marçal é um empresário e influenciador que ganhou visibilidade por vender cursos de "desenvolvimento pessoal" na internet e por ter entrado na política.
Em 2022, Pablo Marçal declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) um patrimônio de R$ 96,2 milhões.
Na última eleição presidencial, Pablo Marçal chegou a se anunciar como pré-candidato à Presidência da República pelo PROS, mas o partido não homologou a sua candidatura e declarou apoio ao então candidato Lula (PT).
Após ter a sua candidatura recusada pelo PROS, Pablo Marçal embarcou na canoa de Jair Bolsonaro (PL) que, como sabemos, não se reelegeu e está impedido de disputar qualquer pleito até 2030.
Já foi filiado a quatro partidos políticos: PROS (2022-23), Solidariedade (2023-24), DC (2024) e PRTB (2024-presente).
Pico dos Marins
Pablo Marçal ficaria nacionalmente conhecido quando, em 2022 (antes das eleições), organizou uma expedição com 32 pessoas ao Pico dos Marins, no interior de São Paulo. A ação deu errado e o coach e as pessoas precisaram ser resgatados pelos Bombeiros.
À época, Pablo Marçal publicou em suas redes a subida ao Pico, em determinado momento, quando a tempestade começa, o coach dispara para a turma: "Eu sei no meu coração que dá pra subir. Vai ser a pior experiência de todas. Nós sabemos que, do jeito que está aqui, não dá pra subir. Mas uns pararam o sol, outros voltaram no tempo. A gente não está pedindo nada disso. Só estamos pedindo para o Senhor desviar o vento".
A oração do coach Pablo Marçal não deu certo.
Um inquérito foi aberto pela Polícia Civil por tentativa de homicídio supostamente praticada por Marçal.
No entanto, Pablo Marçal não foi indiciado pelo delegado responsável e, portanto, não foi apontado como culpado pelo ocorrido. À época, o Ministério Público questionou o inquérito e o fato de algumas pessoas que trabalham para o coach terem prestado depoimento.
Roubo a banco
Antes de ser resgatado pelos Bombeiros em sua expedição no Pico dos Marins, Pablo Marçal foi condenado em 2010 por ter participado de uma quadrilha que desviou dinheiro de bancos em 2005.
A quadrilha criava sites falsos de instituições financeiras, tais como Caixa e Banco do Brasil e disparava e-mails acusando as vítimas de inadimplência e roubava informações ao hackear os computadores com os conhecidos vírus chamados de "cavalo de Troia".
O coach Pablo Marçal confessou que atuava com o grupo, mas alegou que não tinha conhecimento dos atos ilícitos. Sua pena foi extinta em 2018 por prescrição retroativa.
Morte de funcionário
Outro caso que assombra Pablo Marçal é a morte de seu funcionário Bruno da Silva Teixeira, 26 anos, que atuava na XGrow, que fazia parte da Plataforma Internacional.
Pablo Marçal organizou uma maratona que, inicialmente, teria 22 quilômetros, mas que depois teve a sua extensão dobrada. O funcionário morreu no 15º Km da atividade.
Após a trágica morte de Bruno da Silva Teixeira, funcionários denunciaram a empresa e revelaram que havia pressão para que fizessem atividades física, caso contrário, eram demitidos.
Além de Bruno da Silva, a empresa de Marçal teve outro caso de um outro funcionário que morreu nas dependências: Celso Guimarães Silva.
O caso está sob investigação da Polícia Civil.
Investigação por crimes eleitorais
Em julho de 2023, Pablo Marçal e seus correligionários foram alvos de busca e apreensão no âmbito da Operação Ciclo Fechado, da Polícia Federal. O coach é investigado por crimes eleitorais em torno de sua pré-candidatura à presidência da República.
A investigação teve início em 2022, quando o Coaf identificou 42 operações suspeitas nas contas bancárias de Pablo Marçal. A principal linha de investigação é que se trata de lavagem de dinheiro, pois, Marçal doou, em agosto do mesmo ano, R$ 500 mil para a sua empresa.
De acordo com a investigação da Polícia Federal, há suspeita de que a autodoação feita por Pablo Marçal seja para ocultar a origem do dinheiro.
À época, Pablo Marçal afirmou que se tratava de uma "perseguição política".
Desrespeito às normas de combate à Covid
A empresa de Pablo Marçal, Plataforma Internacional, além de ter sido palco da morte de um trabalhador, também é investigada por ter desobedecido às normas sanitárias de combate ao coronavírus durante a pandemia.