A derrubada de três vetos de Lula na sessão conjunta do Congresso Nacional na última terça-feira (28) emitiu um sinal de alerta no Palácio do Planalto e Lula decidiu mudar a estratégia na relação com o Senado e a Câmara, dominado pelo Centrão, com forte influência do bolsonarismo na chamada pauta de costumes.
Em reunião nesta quarta-feira com o ministro de Relações Institucionais Alexandre Padilha e os líderes do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (sem partido-AP); no Senado, Jaques Wagner (PT-BA); e na Câmara, José Guimarães (PT-CE), Lula decidiu vestir a camisa e entrar em campo na articulação com os congressistas.
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A partir da próxima segunda-feira (3), o presidente vai comandar reuniões semanais com Padilha e as lideranças do governo no Congresso e pretende fazer um corpo a corpo com ministros e líderes de partidos com participação no governo, como Republicanos, PP, União Brasil e PSD.
A avaliação do governo é que a aliança com essas legendas, que se alinharam ao bolsonarismo anos antes, não tem sido efetiva, especialmente em votações de temas de costumes, como as "saidinhas" dos presos e liberação das fake news, que foram alvo da disputa no Congresso nesta semana.
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Mea culpa e autocrítica progressista
Em entrevista à GloboNews na noite desta quarta-feira (29), Randolfe Rodrigues afirmou que o campo progressista deve fazer "mea culpa e autocrítica" diante do que classificou como "era das selfies", sobre a lacração, principalmente de parlamentares bolsonaristas nas redes sociais.
A avaliação vai ao encontro da análise feita por Lula, de que a extrema-direita domina e pauta os debates nas redes sociais, onde o campo progressista fica mais acuado.
"Ontem na votação teve uma cena que eu costumo fazer de significado de diagnóstico. De um lado estava a base ligada ao governo, mais progressista, mais identificada ideologicamente. E de outro, uma bancada reacionária, que comemorava fazendo selfies. Nós estamos vivendo o tempo do selfie aqui no Congresso, da bancada do selfie, estes são os tempos atuais", afirmou.
Rodrigues ainda afirmou que o bolsonarismo faz eco à ascensão neofacista no mundo e que o campo progressista precisa desenvover uma nova estratégia diante disso.
"Não é só no Brasil. É no mundo. Não é somente a economia que determina a diretriz da política. Estamos vendo nos EUA, na economia o governo Biden tendo sucesso, mas nas pesquisas ele está em desvantagem. Nós estamos vivendo tempos de uma ofensiva fascista global", disse.
"Se os setores democráticos e progressistas não entenderem isso e isso não repercutir na sociedade e, principalmente entre os parlamentares comprometidos com essa bancada para ter o nível de envolvimento e engajamento que essa agenda permite, nós não teremos a leitura correta dos tempos em que estamos vivendo. Tem uma autocrítica, mea culpa que precisa ser feita de todos os setores progressistas e democráticos do Brasil e do mundo", emendou.