GOVERNO LULA

Lula muda estratégia na relação com Congresso e se reunirá com líderes semanalmente

Líder do governo no Congresso, que se reuniu com Lula, Randolfe Rodrigues cobrou autocrítica diante do que classificou como "era das selfies". "Nós estamos vivendo tempos de uma ofensiva fascista global".

Lula com os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco, e da Câmara, Arthur Lira.Créditos: Ricardo Stuckert/PR
Escrito en POLÍTICA el

A derrubada de três vetos de Lula na sessão conjunta do Congresso Nacional na última terça-feira (28) emitiu um sinal de alerta no Palácio do Planalto e Lula decidiu mudar a estratégia na relação com o Senado e a Câmara, dominado pelo Centrão, com forte influência do bolsonarismo na chamada pauta de costumes.

Em reunião nesta quarta-feira com o ministro de Relações Institucionais Alexandre Padilha e os líderes do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (sem partido-AP); no Senado, Jaques Wagner (PT-BA); e na Câmara, José Guimarães (PT-CE), Lula decidiu vestir a camisa e entrar em campo na articulação com os congressistas.

A partir da próxima segunda-feira (3), o presidente vai comandar reuniões semanais com Padilha e as lideranças do governo no Congresso e pretende fazer um corpo a corpo com ministros e líderes de partidos com participação no governo, como Republicanos, PP, União Brasil e PSD.

A avaliação do governo é que a aliança com essas legendas, que se alinharam ao bolsonarismo anos antes, não tem sido efetiva, especialmente em votações de temas de costumes, como as "saidinhas" dos presos e liberação das fake news, que foram alvo da disputa no Congresso nesta semana.

Mea culpa e autocrítica progressista

Em entrevista à GloboNews na noite desta quarta-feira (29), Randolfe Rodrigues afirmou que o campo progressista deve fazer "mea culpa e autocrítica" diante do que classificou como "era das selfies", sobre a lacração, principalmente de parlamentares bolsonaristas nas redes sociais.

A avaliação vai ao encontro da análise feita por Lula, de que a extrema-direita domina e pauta os debates nas redes sociais, onde o campo progressista fica mais acuado. 

"Ontem na votação teve uma cena que eu costumo fazer de significado de diagnóstico. De um lado estava a base ligada ao governo, mais progressista, mais identificada ideologicamente. E de outro, uma bancada reacionária, que comemorava fazendo selfies. Nós estamos vivendo o tempo do selfie aqui no Congresso, da bancada do selfie, estes são os tempos atuais", afirmou.

Rodrigues ainda afirmou que o bolsonarismo faz eco à ascensão neofacista no mundo e que o campo progressista precisa desenvover uma nova estratégia diante disso.

"Não é só no Brasil. É no mundo. Não é somente a economia que determina a diretriz da política. Estamos vendo nos EUA, na economia o governo Biden tendo sucesso, mas nas pesquisas ele está em desvantagem. Nós estamos vivendo tempos de uma ofensiva fascista global", disse.

"Se os setores democráticos e progressistas não entenderem isso e isso não repercutir na sociedade e, principalmente entre os parlamentares comprometidos com essa bancada para ter o nível de envolvimento e engajamento que essa agenda permite, nós não teremos a leitura correta dos tempos em que estamos vivendo. Tem uma autocrítica, mea culpa que precisa ser feita de todos os setores progressistas e democráticos do Brasil e do mundo", emendou.

 

Temas