O governo Lula sofreu uma série de derrotas no Congresso na noite desta terça-feira (28). Ruim do ponto de vista simbólico, mas nada que impeça a governabilidade.
Mesmo assim foi dado um duro recado: Bolsonaro tem mais poder no Legislativo hoje do que Lula. É um recado que precisa ser levado em consideração ou o que já não está bom, pode ficar ainda pior.
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Se um processo de impeachment for construído com apoio da mídia e do tal mercado, Lula se tornaria refém total deste Congresso.
Este é um cenário provável? Ainda não.
Mas um tuite do fascista Nikolas Ferreira deu o apito de cachorro. A extrema direita pode começar a pautar a questão.
E por que isso acontece sendo Lula um dos políticos mais experientes do país?
Não existe uma única resposta. Mas é inevitável refletir que a construção política do ministério atual deu ruim.
Lula tem hoje um dos ministérios mais fracos de todas as gestões petistas. Talvez, só equivalente ao do começo do 2º mandato de Dilma que também era muito ruim.
Com raras exceções, os atuais ministros se escondem, não fazem o debate público, não se reúnem com a sociedade, não constroem políticas públicas criativas, se perdem na burocracia e não têm voto no Congresso.
Este último ponto ficou evidente nas votações desta terça. O governo Lula não avançou um voto para além de seus 130 da base orgânica.
Cadê os votos dos ministros? Quantos deputados cada um têm na agenda para convencer a votar com o governo?
Se isso não é um claro indício de que estamos numa situação difícil do ponto de vista da governabilidade, qual recado seria mais claro?
É hora de Lula analisar o que deu errado na montagem do seu governo e fazer ajustes.
O Flamengo de 1995 tinha Sávio, Romário e Edmundo e a torcida dizia que era o melhor ataque do mundo.
Só que na prática não fazia gols.
Como também não funcionou o time de galácticos do Real Madrid.
Mesmo que na análise nome a nome o ministério pareça ser bom, não está funcionando.
Um governo que entrega o menor desemprego nos últimos dez anos e um crescimento em torno de 3% não deveria estar tão acossado no Congresso e nem com o índice de aprovação tão questionável.
É hora de desempatar esse jogo, Lula. Porque não há derrota iminente quando se tem um craque em campo.