GENOCÍDIO NA PALESTINA

Carnificina em Gaza: Chico, Gil e filha de Olga pedem para Lula romper relações com Netanyahu

Manifesto de artistas e intelectuais foi enviado na mesma semana em que Lula decidiu não enviar mais embaixadores a Israel até o fim do governo de Benjamin Netanyahu. Leia a íntegra.

Lula e Benjamin Netanyahu na ONU.Créditos: UN Photo/Divulgação
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Diante do avanço do genocídio em Gaza, que já assassinou mais de 36 mil palestinos, um grupo de artistas e intelectuais, incluindo judeus, enviou um manifesto pedindo que Lula rompa as relações diplomáticas com o governo sionista de Benjamin Netanyahu.

O documento foi enviado na mesma semana em que Lula decidiu que o embaixador Frederico Meyer não voltará à Israel. O presidente brasileiro também definiu que não vai nomear novo embaixador enquanto Netanyahu estiver à frente do governo israelense.

No manifesto, os artistas e intelectuais reiteram a posição de Lula, um dos primeiros líderes do mundo a denunciar o genocídio em Gaza, a romper relações, "sob uma liderança de sua envergadura", "para que se encerre essa carnificina insuportável" dos sionistas no território palestino.

"O Brasil tem apresentado seguidas propostas para o cessar-fogo na Faixa de Gaza e a solução de dois Estados estabelecida por resoluções internacionais", diz trecho do texto, divulgado pela coluna de Mônica Bergamo, na Folha de S.Paulo.

"No entanto, a crescente violência imposta pelo governo Netanyahu, com ataques desumanos e cruéis contra civis, obriga o mundo a ir além de gestos e propostas diplomáticas, como já debatem diversos países da União Europeia e outras regiões", emenda.

Entre os signatários do manifesto estão Chico Buarque, Gilberto Gil, Wagner Moura, Emicida e Anita Leocádia, filha de Olga Benário Prestes,  executada em 23 de abril de 1942, com 34 anos de idade, na câmara de gás com mais 199 prisioneiras, no campo de extermínio de Bernburg, na Alemanha, pelo regime nazista de Adolph Hitler.

O documento ainda é assinado por ativistas judeus, como o jornalista Breno Altman e o professor Bruno Huberman.

Endossam ainda o rompimento das relações com o governo sionista escritores e intelectuais como Milton Hatoum, Raduan Nasser e Jessé Souza, advogados e juristas como Pedro Serrano, Juarez Tavares e Carol Proner, além dos ex-ministros Luiz Carlos Bresser-Pereira, Paulo Sérgio Pinheiro, Eleonora Menicucci, José Dirceu e Eugênio Aragão.

"Relutei , por conta de minha visão crítica quanto aos crimes do Hamas, mas subscrevi o manifesto referido na matéria . Sem forte pressão internacional o governo de Israel não cessará o morticínio da população palestina. Razões humanitárias se impõe .Pela paz imediata com a libertação dos reféns", escreveu Serrano na rede X.

Leia o manifesto na íntegra

Carta aberta ao presidente Lula sobre o genocídio do povo palestino

Estimado presidente Lula,

Antes de mais nada, queremos saudá-lo por seu comportamento sempre firme e coerente em solidariedade ao povo palestino, denunciando reiteradamente o genocídio do qual é vítima, especialmente suas mulheres e crianças.

O Brasil tem apresentado seguidas propostas para o cessar fogo na Faixa de Gaza e a solução de dois Estados estabelecida por resoluções internacionais. Graças ao seu governo, somos uma das nações que reconhecem, no âmbito das Nações Unidas, a soberania e a independência da Palestina.

No entanto, a crescente violência imposta pelo governo Netanyahu, com ataques desumanos e cruéis contra civis, obriga o mundo a ir além de gestos e propostas diplomáticas, como já debatem diversos países da União Europeia e outras regiões.

O governo Netanyahu viola abertamente deliberações emanadas da Corte Internacional de Justiça, colocando-se à margem do direito, além de desrespeitar o Conselho de Segurança e a Assembleia Geral da ONU.

Recentes ataques contra um acampamento de deslocados em Rafah, no sul de Gaza, com dezenas de inocentes assassinados, demonstram claramente inaceitável desprezo à ética humanitária.

Estamos convencidos, querido presidente, que é hora de nosso país se juntar às demais nações que romperam relações diplomáticas e comerciais com o Estado de Israel, exigindo o cumprimento das decisões que colocam fim ao genocídio e garantem a autodeterminação do povo palestino.

Essas medidas, adotadas por nosso país e sob uma liderança de sua envergadura, certamente serviriam de exemplo a outros governos e constituiriam uma imensa contribuição para que se encerre essa carnificina insuportável.

Amanda Harumy
Anita Leocadia Prestes
Antônio Carlos de Almeida Castro
Arlene Clemesha
Berenice Bento
Breno Altman
Bruno Huberman
Carol Proner
Cézar Brito
Chico Buarque
Eleonora Menicucci de Oliveira
Emicida
Eugênio Aragão
Francirosy Campos Barbosa
Gilberto Gil
Heloísa Vilela
Jamal Suleiman
Jessé Souza
João Pedro Stédile
Jones Manoel
José de Abreu
José Dirceu
José Genoíno
Juliana Neuenschwander
Juarez Tavares
Kenarik Boujikian
Larissa Ramina
Luiz Carlos Bresser-Pereira
Luiz Carlos da Rocha
Manoel Caetano Ferreira Filho
Manuella Mirella
Margarida Lacombe
Marly Vianna
Milton Hatoum
Nathalia Urban
Ney Strozake
Paulo Borba Casella
Paulo Nogueira Batista Jr.
Paulo Sérgio Pinheiro
Paulo Vannuchi
Pedro Serrano
Reginaldo Nasser
Salem Nasser
Ualid Rabah"