CHUVAS NO RIO GRANDE DO SUL

VÍDEO: diálogo de Lula com prefeito de cidade atingida por enchentes comove o país

São 32 mortes e 60 desaparecidos até o momento: “nunca perguntei a qualquer prefeito de que partido ele é”; veja os números da tragédia

Lula fala em Santa Maria.Créditos: Reprodução de Vídeo
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Uma conversa em Santa Maria (RS), nesta quinta-feira (2), entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o prefeito de Faxinal do Soturno (RS), Clovis Montagner (PP), uma das cidades atingidas pelas enchentes que atingiram o estado do Rio Grande do Sul, comoveu o país.

Lula e sua equipe ouviram o breve relato do prefeito, que teve que fazer uma cirurgia no município vizinho e não conseguiu voltar pra casa. Segundo Montagner, “Faxinal tem só sete mil habitantes. Em quase metade da população nós não conseguimos chegar, não tem luz, não tem telefone, não tem internet. É esse o drama que nós vivemos e nós saímos daqui com uma esperança grande de atacar isso com mais energia, com mais força, com mais confiança”. “Esta ação aqui hoje é fundamental pro Rio Grande, pra minha região, pra minha cidade. A gente sai com uma esperança e por isso nós agradecemos bastante, presidente”, reiterou o prefeito.

Lula lembrou ao prefeito que "esse país voltou a ser humanizado. Esse país voltou a conhecer a palavra fraternidade. Esse país voltou a conhecer a palavra solidariedade". O presidente afirmou ainda que nunca se preocupou em perguntar pra qualquer prefeito de que partido ele é, que time ele torce, que religião ele frequenta. Nunca. O que eu quero saber é que, se o povo e Faxinal do Soturno, o povo de Santa Maria, o povo do Rio Grande do Sul têm um problema, a obrigação do governo federal é ajudar a solucionar”, destacou.

A tragédia em números

Até o momento, o estado do Rio Grande do Sul registrou 32 mortos, 60 desaparecidos e 14,8 mil desabrigados, sendo 4.645 pessoas em abrigos e 10.242 desalojados (na casa de familiares ou amigos). Ao todo, 154 dos 496 municípios do estado registraram algum tipo de problema, afetando 71,3 mil pessoas. As enchentes assolam a região desde a segunda-feira (29), e, ao contrário das chuvas de 2023, que atingiram apenas alguns locais, como o Vale do Taquari, desta vez o impacto ocorre em todo o estado.

Medidas do governo

Em sua volta à Brasília, Lula determinou a criação de uma sala para monitorar e coordenar as ações federais de socorro à população do estado. O grupo, formado por ministros de diversas áreas que acompanharam o presidente na visita ao estado, se reuniu na noite desta segunda-feira no Palácio do Planalto.

"Já estamos diante de uma catástrofe que, com certeza, terá consequências mais devastadoras do que aquele episódio climático que tivemos em setembro do ano passado, no mês de setembro", afirmou o ministro Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), na abertura da reunião.

De acordo com Pimenta, que é gaúcho, a diferença das chuvas do ano passado para as deste ano é que as ocorrências estão espalhadas por quase todo o estado, e de forma constante, mantendo o solo muito encharcado e suscetível a desmoronamentos.

São mais de 150 municípios afetados. Há 141 pontos de bloqueio em estradas federais e estaduais que cortam o estado. A expectativa é que, nas próximas horas e dias, as cheias das regiões mais altas do estado cheguem às áreas mais baixas, causando ainda mais inundações e estragos. 

Pior desastre climático

O Rio Grande do Sul vem sofrendo com ciclos cada vez mais recorrentes de intempéries climáticas. No segundo semestre do ano passado, enchentes provocadas por fortes chuvas fizeram transbordar o Rio Taquari em uma das piores cheias em décadas e deixaram um rastro de destruição, perdas materiais e cerca de 50 mortes. Mesmo assim, as enchentes desta semana estão sendo classificadas pelas autoridades locais como o pior desastre climático da história do estado.

A sala de situação, sob coordenação da Casa Civil, funcionará em caráter emergencial e permanente enquanto durar a situação de catástrofe no Sul do país.  

"A partir de agora, é reunião diária, incluindo sábado e domingo, e eu peço, portanto, a todos os ministérios, que mantenham um plantão dando resposta imediata", afirmou o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, na reunião de instalação da sala de situação. Uma comitiva de ministros deverá voltar ao estado no início da próxima semana.

Segundo o governo federal, até o momento, foram mobilizados 625 homens, incluindo integrantes das Forças Armadas, oito aeronaves e 20 botes salva-vidas para as operações de resgate e salvamento. Equipe do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e do Batalhão de Engenharia do Exército trabalham na desobstrução de estradas e acessos. Além disso, estão sendo disponibilizadas cestas de alimentos e itens de primeira necessidade para serem enviados aos abrigos.

Em edição extra do Diário Oficial da União, o secretário nacional de Defesa Civil, Wolnei Wolff Barreiros, reconheceu o estado de calamidade pública em todo o Rio Grande do Sul, medida que já havia sido decretada pelo governo estadual. Esse reconhecimento facilita a liberação de recursos federais para apoiar as ações de resgate, salvamento e reconstrução no estado.

Com informações da Agência Brasil e do g1