O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu na noite desta quinta-feira (16) liberdade provisória ao coronel do Exército Marcelo Câmara, ex-assessor de Jair Bolsonaro (PL), que foi um dos responsáveis pela recompra do Rolex furtado pelo ex-presidente do acervo da Presidência e vendido nos EUA.
A soltura de Câmara acontece em meio à onda de fuga de bolsonaristas que participaram dos atos golpistas do 8 de janeiro, que estão rompendo a tornezeleira eletrônica e deixando o país.
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Responsável pelo monitoramento de Moraes na organização criminosa que planejou um golpe de Estado, segundo a Polícia Federal, Marcelo Câmara também deixou a cadeia com tornozeleira eletrônica. O coronel também não poderá sair de Brasília e manter contato com outros investigados da quadrilha.
Moraes libertou o militar após parecer favorável enviado pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
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"O desenho dos fatos, que se tem neste momento, induz à convicção de que a ordem pública e a investigação criminal poderão ser resguardadas por medidas menos gravosas do que a prisão, como, v.g. [do latim verbi gratia, que significa 'por exemplo'], monitoramento eletrônico, proibição de se ausentar do país e retenção do passaporte", afirmou o procurador-geral da República, Paulo Gonet.
Funcionário do PL
Em meio às investigações que levaram o militar à prisão, o PL, partido de Bolsonaro, cogitou contratar o militar para atuar na sigla com salário mensal de R$ 25 mil, pago com o fundo partidário.
Marcelo Câmara participou ativamente da operação para recompra do kit de joias contendo um anel, abotoaduras, um rosário islâmico (“masbaha”) e o relógio da marca Rolex que a organização criminosa ligada a Bolsonaro vendeu nos EUA.
Segundo a PF, a articulação para a recompra ocorreu em um grupo no WhatsApp chamado "Kit de Ouro Branco" com Mauro Cid, Câmara e o segundo tenente Osmar Crivelatti.
Câmara teria sido o responsável por receber o Rolex das mãos do advogado de Bolsonaro, Frederick Wassef, em São Paulo, antes de devolver a joia ao Tribuna de Contas da União (TCU).
Nove dias antes de fugir com Bolsonaro para os EUA, no fim de dezembro, o militar recebeu um inventário de "Encerramento e Entrega do Acervo Privado Presidencial", em e-mail do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica da Presidência, que lista o relógio e outros "presentes".
O e-mail sigiloso, ao qual a Fórum teve acesso, é parte do pacote enviado à CPMI dos Atos Golpistas e foi enviado a Câmara no dia 21 de dezembro de 2022. Câmara foi alvo de operação da PF em maio e teria chefiado uma espécie de "Abin paralela" no governo Bolsonaro.
No dia 30 de dezembro, o militar embarcou no avião presidencial juntamente com Bolsonaro e a mala com joias, incluindo o Rolex, que foram negociados nos EUA sem dar ciência ao e-mail enviado pelo Chefe do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica.