REAÇÃO

Janja sobre ameaças de Elon Musk: "Ação coordenada contra a democracia"

Primeira-dama diz ainda que desrespeito do empresário ao judiciário brasileiro com relação a contas suspensas "visa lucro"

Janja reage a ameaças de Elon Musk.Créditos: Antônio Cruz/Agência Brasil/Wikimedia Commons
Escrito en POLÍTICA el

A primeira-dama Janja Lula da Silva se somou nesta segunda-feira (8) ao coro que vem fazendo críticas ao bilionário Elon Musk, dono do X (antigo Twitter), que nos últimos dias promoveu ataques ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e que ameaçou descumprir decisões da Justiça que suspenderam perfis de extrema direita que divulgam fake news e incitam o ódio na rede social. 

Segundo Janja, a atitude de Musk "é um desrespeito a uma decisão do judiciário brasileiro".

"Esses perfis são utilizados para disseminar fake news, ódio e misoginia, e também para sustentar a tentativa de golpe do 08 de janeiro de 2023. Como o próprio Ministro Alexandre de Moraes falou: redes sociais não são terra sem lei! E as plataformas, além de obedecerem às decisões judiciais de cada país, devem ser responsabilizadas pelos crimes cometidos dentro dela", escreveu a primeira-dama no próprio X. 

"Volto a repetir que esse tipo de ação do X, além de ser uma ação coordenada contra a democracia, também é uma ação que visa lucro e o mundo civilizado não pode ficar de joelhos frente a essa articulação da extrema direita, que tenta corroer nossa sociedade", prosseguiu. 

Confira

Entenda 

Os ataques começaram na última quarta-feira (3) com a divulgação do, assim chamado, Twitter Files Brazil, pelo jornalista americano Michael Shellenberger. O dossiê do profissional ganhou muito destaque em meios de extrema direita por expor supostas conversas entre o Judiciário brasileiro e a cúpula do escritório do Twitter no Brasil. Para o jornalista, os insistentes pedidos de retirada de portagens, perfis e entrega de dados de usuários que difundem fake news – a maioria de extrema direita – seriam “ameaças à liberdade de expressão e à democracia”.

Nos dias subsequentes o próprio Elon Musk passou a fazer ataques a Moraes e ao governo Lula. Em relação ao ministro do Supremo, sugeriu que renunciasse ou sofresse um processo de impeachment.

O Brasil reagiu aos ataques da extrema direita global. A Advocacia-Geral da União respondeu a Musk com um pedido de que voltasse à pauta a regulação das redes sociais. No Congresso, o deputado federal Orlando Silva (PcdoB-SP), que é relator do PL das Fake News, pediu que o texto volta a ser discutido.

Ricardo Cappelli, o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), chegou a pedir o banimento do Twitter no Brasil. E o PT, partido do presidente Lula, publicou uma nota firme em que definiu a conduta do bilionário como um “atentado à soberania".

Anatel deixa operadoras de sobreaviso

Também neste domingo (7) a imprensa nacional noticiou que Moraes teria notificado a presidência da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) pedindo os procedimentos necessários para tirar o X do ar. De acordo com matéria do Uol, o contato teria sido feito via Superior Tribunal Eleitoral (TSE).

Carlos Baigorri, presidente da Anatel, então teria acionado as operadoras de telefonia e internet para que ficassem de prontidão para tirar a plataforma do ar caso chegasse uma ordem do Supremo.

Pouco antes, Elon Musk fez postagens contra Moraes, intimando-o a pedir renúncia e os meios de comunicação nacional apontavam que o escritório do X no Brasil aguardavam ordens do bilionário para recolocar no ar os perfis retirados pelo STF.

Bolsonaro admite que Musk serve aos seus interesses

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), investigado por tentar dar um golpe de Estado, gravou um vídeo nas redes sociais ao lado do seu filho Eduardo para comentar o caso. Durante a gravação, ele admite que Elon Musk está agindo para favorecer os seus interesses e solta mais uma bravata: “amanhã teremos mais informações”.

“Sobre a questão do Twitter, que é o assunto do momento, eu não quero me precipitar e falar algumas coisas porque até amanhã mais informações teremos. Também vamos ver o que podemos fazer via Partido Liberal (PL) para que a nossa liberdade de expressão seja garantida. E nós temos agora um apoio de fora do Brasil muito forte”, disse Bolsonaro.