ATOS GOLPISTAS

PGR revela bastidores golpistas do 8 de janeiro em nova denúncia ao STF: “Não sairemos até a GLO”

Mensagens instigavam ataques violentos e tomada de poder, além de ensinar a usar um "kit de autodefesa"

Invasões e ataques à Praça dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023.Créditos: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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“Sem dia para acabar”, “daqui não sairemos até que seja decretada a GLO” e “só sai se o Exército vir. Senão nós vai (sic) preso”, disse a bolsonarista Shirley Faethe de Andrade, paranaense de Maringá, ao explicitar um plano de “investida para a tomada de poder” em mensagens de texto e áudio enviadas no WhatsApp. A denunciada é o foco da nova denúncia da PGR relacionada ao ato golpista do 8 de Janeiro, entregue ao ministro Alexandre de Moraes, do Superior Tribunal Federal (STF).

Segundo informações do colunista Lauro Jardim, do O Globo, investigadores descobriram declarações no celular de Shirley, em tom de ameaça ao STF, sugerindo ataques violentos: “Bolsonaro deveria entrar no STF com uma metralhadora e disparar contra todos os ministros, kkk”, “preparem as máscaras de gás, pano úmido e água no cantil, spray de pimenta, colete, capacete; bala de borracha não vai faltar”. A última mensagem, inclusive, esteve entre os relatos da denúncia feita por Paulo Gonet.

A GLO, ou Garantia da Lei e da Ordem, é uma medida excepcional que autoriza o Exército a participar de operações de segurança pública, normalmente após um pedido formal do governo. A bolsonarista em questão forneceu orientações sobre como lidar com gás lacrimogêneo e incentivou outros a utilizar um “kit” de itens para autodefesa durante os protestos, incluindo óculos e luvas de couro para “pegar a bomba de gás e jogá-la no recipiente de água”

Ela afirmou que o confronto seria “intenso” e admitiu a possibilidade de prisões. Na sequência, a PGR apresentou uma denúncia ao Ministério Público Federal (MPF) contra Shirley Faethe de Andrade por quatro delitos associados aos eventos do dia 8 de Janeiro.

Operação Lesa Pátria

Até o momento, 88 golpistas permanecem detidos, com 13 já condenados, enquanto 42 são alvo de acusações e 33 têm investigações em curso. Os ataques resultaram em 1.645 prisões desde 2023, das quais 1.557 se transformaram em decisões de liberdade provisória sob medidas cautelares, como o uso de tornozeleira eletrônica. A PGR apresentou ao STF pelo menos 270 denúncias na investigação contra os executores dos atos e 1.113 denúncias referentes ao inquérito sobre os autores intelectuais e instigadores das invasões.