JAIR BOLSONARO

Bolsonaro foi avisado que ato poderia flopar, mas insistiu ser capaz de “mover multidões”

Aliados não admitem fracasso em público, mas buscam razões; Lula, por sua vez, sabe que única saída para sufocar bolsonarismo é “fazer este país dar certo”

Bolsonaro durate ato em Copacabana.Créditos: Imagem: Fernando Frazão/Agência Brasil
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Nenhum aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro admite em público, mas a manifestação do ultimo domingo (21), em Copacabana, no Rio de Janeiro, foi, de fato, um fiasco. A palavra que mais circulou nas redes nos dias que se seguiram foi “flopou”.

Por mais que tentem disfarçar, foi inegável o diminuto público presente ao evento. E aí vem a enxurrada de explicações, teorias indisfarçáveis do fracasso. Valdemar Costa Neto, o presidente do PL, partido de Bolsonaro, culpou o horário, às 10h da manhã, o dia quente e, pasmem, disse ainda que não daria pra competir com “uma praia dessas”.

Segundo o grupo de pesquisa "Monitor do debate político", da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, coordenado por Pablo Ortellado e Márcio Moretto, o ato reuniu 32,7 mil pessoas. Um público 18% menor do que o que esteve em São Paulo, em fevereiro, e metade dos presentes no 7 de Setembro de 2022.

O temor do fracasso, segundo a coluna de Bela Megale, no Globo, foi debatido entre os organizadores. O próprio Bolsonaro, no entanto, se manifestou convicto da sua capacidade em “mover multidões”.

A ordem dentro do partido e apoiadores de Bolsonaro é minimizar a falta de público.

"Fazer este país dar certo"

Apesar de vários políticos da oposição terem comemorado o fiasco, o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva se antecipou ao assunto durante seu encontro com jornalistas na última terça-feira (23), e foi certeiro:

"Alguém vai me perguntar, eu já vou logo dizer, 'presidente, o que o senhor acha do ato em Copacabana?' Eu não vi o ato porque estava fotografando o Minha Casa Minha Vida dos joões-de-barro. Descobri no Palácio do Alvorada quatro casas de joões-de-barro e resolvi fazer um filme para publicar na internet. Não me preocupam os atos dos fascistas. O que me importa é o seguinte: eu vou fazer este país dar certo”, disparou Lula.

A ironia de Lula foi na mosca e provocou a reação, entre outros, do folclórico deputado de extrema direita Nikolas Ferreira (PL), conhecido como “Chupetinha”. Após ter se destacado no ato de domingo ao revelar que "procura por machos com testosterona", ele deu mais um de seus shows. Com a voz embargada e um tanto travado, o parlamentar de Minas Gerais "chorou" no plenário da Câmara, para constrangimento geral.

"Lula se refere às pessoas que estavam se manifestando de forma pacífica, ordeira e democrática como 'fascistas' [...] ele rotula seus opositores para criar narrativas, mas eu quero dizer algo para Lula e para a esquerda: narrativas são perigosas", chorou Nikolas Ferreira.

Desculpas bolsonaristas à parte, é cedo demais para comemorações governistas. A única e acertada reação é mesmo a de Lula, ou seja, fazer o país dar certo. Com o perdão do chavão, a cadela do fascismo permanece como sempre esteve, no cio. Derrapadas do governo, sobretudo na economia, e os comícios bolsonaristas voltam a bombar.