BASTIDORES

Lula: "é anormal Eduardo Cunha ter influência nas decisões do Congresso"

O presidente realizou encontro com jornalistas e foi questionado sobre a relação com o Congresso e manifestações da extrema direita

Lula: "é anormal Eduardo Cunha ter influência nas decisões do Congresso".Créditos: Marcelo Camargo/ Agência Brasil
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O presidente Lula (PT) realizou nesta terça-feira (23) uma coletiva com jornalistas de vários meios de comunicação. Os assuntos abordados foram diversos: Mercosul, eleições na Venezuela, parcerias econômicas com a Colômbia, fortalecimento da democracia e combate à extrema direita.

A Fórum esteve presente, representada pela jornalista Cynara Menezes, que questionou o presidente sobre como ele analisa o fato de o ex-deputado Eduardo Cunha circular atualmente pela Câmara dos Deputados, despachar do gabinete de sua filha, a deputada Dani Cunha (União-RJ), e ser apontado como conselheiro do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).

“Acho normal do ponto de vista político. Eduardo Cunha está solto, ele não está preso, está livre, ele tem uma filha deputada, portanto ele tem o direito de ir ao gabinete da filha, ele foi presidente da Câmara, líder do PMDB... como a gente diz: 'uma vez deputado, sempre deputado'. Tem gente que deixou de ser deputado há 40 anos, mas ainda usa aquele broche azul”, iniciou Lula.

Em seguida, o presidente critica o fato de Eduardo Cunha exercer alguma influência na atual legislatura da Câmara dos Deputados. “O que eu acho anormal é se ele estiver tendo influência nas decisões do Congresso Nacional, o que eu não acredito. Ele tentou ser candidato à reeleição, teve uma votação pífia, vergonhosa, então, eu acho que ele tem que saber que o poder que ele tinha ele jogou no lixo”.

Aliança internacional contra a extrema direita 

Em determinado momento, o presidente Lula revelou que tem conversado com o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, e com o presidente da França, Emmanuel Macron, para que juntos possam construir uma união dos líderes democratas para enfrentar a extrema direita.

"Eu vou tentar reunir os presidentes democratas por ocasião da reunião da Assembleia Geral das Nações Unidas [em setembro] para nós elaborarmos uma estratégia de como nós, a nível internacional, vamos enfrentar o crescimento da extrema direita e suas nuances. Eu acho que é um problema novo na política. A geração de vocês não viveu esse momento (vários governos de esquerda na América Latina) e é um momento novo em que vale qualquer coisa menos a verdade [...] isso não existia nesse país e agora virou uma coisa corriqueira", disse Lula.

Posteriormente, o presidente Lula falou sobre a manifestação da extrema direita realizada no último domingo (21) em Copacabana, no Rio. "Alguém vai me perguntar, eu já vou logo dizer, 'presidente, o que o senhor acha do ato em Copacabana?', eu não vi o ato porque eu estava fotografando o Minha Casa Minha Vida dos joões-de-barro. Eu descobri no Palácio do Alvorada quatro casas de joão-de-barro e resolvi fazer um filme e publicar na internet, por isso que eu não vi. Não me preocupam os atos dos fascistas. O que me importa é o seguinte: eu vou fazer esse país dar certo”.

Lava Jato

O presidente também foi questionado pelo jornalista Joaquim de Carvalho, do Brasil 247, sobre como tem acompanhado os desdobramentos das investigações sobre as ilegalidades da operação Lava Jato.

"Eu não consigo me separar da figura do presidente e voltar a ser o cidadão Lula. O cidadão Lula está exercendo um mandato de presidente da República e, embora seja um tema que eu gostaria de falar muito, eu prefiro não comentar uma coisa que está tramitando na justiça”, disse Lula. 

Em seguida, Lula afirmou que alguns personagens da Lava Jato foram transformados em “heróis” e que isso demora para ser desfeito. "O certo é que eu provei o que eu precisava provar, estou de volta à presidência da República para fazer o que eu acho que tem que ser feito neste país. Esse é um processo histórico, é uma coisa que não se resolve em uma década. Essa coisa vai levar tempo. A verdade é a seguinte: se você tem gente que tentou transformar os autores daquele episódio em heróis, as pessoas têm dificuldade de voltar atrás. Então, leva um tempo de maturação pra muita gente acordar do que aconteceu nesse país.”