Reportagem de Aguirre Talento, no portal Uol nesta terça-feira (2), revela que o general Mauro Cesar Lourena Cid, pai do tenente-coronel Mauro Cid, esteve no acampamento em frente ao QG do Exército em Brasília enquanto Jair Bolsonaro (PL) tramava o golpe de Estado no Palácio da Alvorada.
Lourena Cid aparece em dois vídeos no acampamento golpista no dia 3 de dezembro de 2022. Ele estava acompanhado de Michael Rinelli, diretor de investimentos da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) Miami.
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Os dois estiveram no Brasil entre 26 de novembro e 11 de dezembro, supostamente para participar de um evento de confraternização da agência, entidade de direito privado financiada com benefícios fiscais do chamado Sistema S.
Lourena Cid foi nomeado por Jair Bolsonaro (PL) para comandar o escritório da Apex em Miami. Os dois são amigos desde os anos 1970, quando estudaram juntos na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman).
O período em que o general esteve no Brasil coincide com a articulação golpista do ex-presidente.
Bolsonaro teria recebido a minuta golpista, por meio do tenente-coronel no início de dezembro. No dia 7 do mesmo mês, o ex-presidente tentou coagir os comandantes das Forças Armadas a aderirem ao golpe em reunião no Palácio da Alvorada, segundo investigações da Polícia Federal.
Estrutura da Apex
Além da participação no acampamento golpista, a reportagem revela que Cristiano Laux, analista de inteligência da Apex em Miami, divulgou uma carta ao ser demitido em que acusa Lourena Cid de usar a estrutura da agência em prol do golpe de Bolsonaro.
O documento foi enviado à cúpula do órgão em 7 de março de 2023 e conta que Lourena Cid pediu para os ex-funcionários da Apex para apagar registros de mensagens golpistas em computadores e aparelhos eletrônicos quando foio demitido, no início do governo Lula.
"Foi de conhecimento de gestores e alguns colaboradores que, no decorrer de 2022, o general Mauro Lourena Cid utilizou o escritório de Miami da Apex como base de articulação junto às lideranças militares nos movimentos antidemocráticos para evitar a posse do presidente Lula e destituição dos outros Poderes. O mesmo afirma em conversas nos corredores e cozinha da Apex que não haveria posse e se mostrava confiante em permanecer no cargo em Miami por um período mais longo, e mostrava seu celular, de propriedade da Apex, para colaboradores, onde continha mensagens e gravações com seus grupos da alta cúpula militar através do aplicativo WhatsApp", diz Laux na carta.
O ex-funcionário diz ainda que Lourena Cid continuou frequentando o escritório da Apex até fevereiro daquele ano, quando Lula já havia tomado posse, e prometeu levar Bolsonaro para uma visita.
"Foram várias as ocasiões que testemunhei a presença do general no escritório após sua demissão nos meses de janeiro e fevereiro de 2023. Recordo que ele dizia que iria trazer o 'presidente Bolsonaro' para conhecer o escritório e equipe no período em que este esteve refugiado em Orlando", afirma.
Leia a reportagem na íntegra.