INVESTIGAÇÃO

Perfis bloqueados por Moraes continuaram transmitindo lives no X, diz PF

Relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal aponta uma 'reorganização internacional da milícia digital' investigada pela Corte

Investigados conseguiram realizar lives mesmo com contas suspensas.Créditos: Wikimedia Commos/Reprodução
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A Polícia Federal (PF) informou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que os perfis bloqueados no âmbito do Inquérito das Milícias Digitais continuaram realizando lives no X (antigo Twitter) mesmo com as contas suspensas. 

A informação foi enviada nesta sexta-feira (19) no relatório parcial da investigação aberta pelo ministro Alexandre de Moraes contra o bilionário Elon Musk após uma série de ataques à democracia brasileira

"A rede social X apesar de bloquear as postagens feitas e recebidas pelos investigados em seus canais, ao autorizar a transmissão de conteúdo ao vivo permitiu o uso de sua plataforma", afirmou a PF. As lives foram feitas mesmo sem o uso de VPN, ferramenta que disfarça a origem do sinal.

As transmissões citadas foram feitas por investigados que moram nos Estados Unidos, como o blogueiro Allan dos Santos, que está foragido após o STF determinar sua prisão em 2021.

O relatório aponta que as lives analisadas têm como conteúdo ataques a Moraes e disseminação de notícias falsas. Além de Allan dos Santos, os outros perfis que conseguiram burlar as regras foram: @RConstantino (Rodrigo Constantino) @realpfigueiredo (Paulo Figueredo) @eustaquiojor (Oswaldo Eustáquio) e @marcosdoval (Marcos do Val), e o @tercalivre, outro canal do bolsonarista Allan dos Santos.

A PF também apontou que além das lives, os usuários bloqueados conseguiram realizar conversas entre si através da ferramenta recurso “Espaços” (Spaces). Para o órgão, a articulação dos investigadores se constitui como a reorganização da suposta milícia digital investigada pelo STF "para atuar de forma internacional e tentar escapar da Justiça brasileira, sendo que 'as postagens realizadas fora do país, incitando seus seguidores e atacando os poderes constituídos (STF, TSE e Senado) demonstram que os investigados nunca cessaram suas condutas criminosas'".

"Os investigados intensificaram a utilização da estrutura da milicia digital fora do território brasileiro com os objetivos de se furtar ao cumprimento das ordens judiciais e tentar difundir informações falsas ou sem lastro para obter a aderência de parcela da comunidade internacional com afinidade ideológica com o grupo investigado para impulsionar o extremismo do discurso de polarização e antagonismo aos poderes constituídos no país", acrescenta o relatório.

O que diz o X

Em ofício enviado à PF, a rede social X afirmou que não desbloqueou nenhuma conta sem decisão judicial e que também "não houve habilitação do recurso de transmissão ao vivo (live) relativamente às contas e perfis objeto das ordens de bloqueio ou suspensão".

Entre 2019 e 2024, a plataforma recebeu 88 ordens do STF e 29 do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para bloqueio e/ou suspensão de contas na plataforma, segundo o X.