O deputado federal Chiquinho Brazão foi expulso do União Brasil após ter sua participação como mandante no assassinato de Marielle Franco confirmada pela Polícia Federal aos meios de comunicação em 24 de março, mesma data em que foi preso. Na última semana, a Câmara dos Deputados votou pela manutenção da prisão de Brazão e, logo em seguida, foi aberto um processo de cassação do seu mandato no Conselho de Ética da casa.
Nesta quarta-feira (17), o Conselho de Ética precisou sortear pela segunda vez a lista tríplice de onde sairá o encarregado pela relatoria do caso. Isso ocorreu porque os três deputados sorteados na última semana recusaram o convite.
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Gabriel Mota (Republicanos-RR), Bruno Ganem (Podemos-SP) e Ricardo Ayres (Republicanos-TO) foram os nomes que desistiram da relatoria. Eles são políticos de direita e nenhum dos três consta na lista de 129 deputados federais que votaram para soltar Chiquinho Brazão.
Ganem e Ayres, pelo contrário, votaram pela manutenção do político fluminense atrás das grades. Mota simplesmente não votou, o que em certa medida poderia favorecer Brazão caso a votação fosse mais acirrada.
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Chico Alencar (Psol) presidia a sessão do Conselho de Ética desta tarde e lamentou quando os três parlamentares recusaram a relatoria. “Suas excelências declinaram da nobilíssima função, que alguns consideram arriscada. Não sei por quê”, declarou.
Mas os três afirmam que estão atarefados, sobretudo com as eleições municipais chegando aos seus redutos eleitorais, além de outros compromissos na Câmara. Suas desistências fizeram com que outra lista tríplice fosse sorteada e com ela vieram os nomes de dois petistas: Jack Rocha (PT-ES) e Joseildo Ramos (PT-BA). Por outro lado, o terceiro nome é de Rosângela Reis (PL-MG), que na última semana votou para soltar Chiquinho Brazão.
Agora, com a lista tríplice em mãos, Leur Lomanto Júnior (União Brasil-BA), presidente do Conselho de Ética, terá que escolher um dos três para relatar o processo.
Quem são os deputados que recusaram a relatoria
Bruno Ganem é da capital paulista e está em seu primeiro mandato como deputado federal. Entre 2019 e 2023 estreou na política como deputado estadual. Sua principal pauta foge um pouco do principal embate político contemporâneo: ele é um defensor dos direitos dos animais.
Em suas redes sociais é fácil encontrar alguns abaixo-assinados que o parlamentar promove. Entre eles a criação de leis que proíbam testes de cosméticos em animais, ofereçam penas de prisão para maus-tratos e o estabelecimento de clínicas veterinárias gratuitas para atender aos ‘pets’ da população.
Ricardo Ayres, por outro lado, é natural de Goiânia mas fez sua carreira política no Tocantins. Foi eleito pela primeira vez em 2010 como suplente de deputado estadual e, em 2014, conquistou sua primeira vaga como deputado estadual. Foi reeleito em 2018 e exerceu o mandato até 2022, quando concorreu a uma vaga na Câmara dos Deputados e venceu, tornando-se deputado federal.
Ayres usou as redes sociais na última terça-feira (16) para anunciar que preferiu fazer a relatoria do caso que apura a conduta do deputado Gláuber Braga, que acabava de se envolver em confusão com youtuber oriundo do MBL, ao invés da importante relatoria do caso Chiquinho Brazão.
“Em virtude da minha designação ocorrida nesta tarde como relator da Representação nº 1/2024, em desfavor do deputado Glauber Braga, comuniquei ao presidente do Conselho de Ética que declinarei da possibilidade de ser o relator da representação contra o deputado Chiquinho Brazão. Essa decisão tem o objetivo de realizar o trabalho com o máximo empenho, dedicando-me à devida instrução probatória e análise de documentos, o que não seria possível ao lidar com dois processos simultaneamente”, escreveu.
Já Gabriel Mota, oriundo de Boa Vista (Roraima), é administrador de empresas e produtor rural. Ele foi vereador da sua cidade em duas ocasiões, entre 2013 e 2017 e entre 2020 e 2023, antes de se eleger deputado federal pela primeira vez. Na atual legislatura, tenta se aproximar do principal nome do seu partido: Tarcísio de Freitas, o governador de São Paulo.