O presidente Lula (PT) está em Bogotá, capital da Colômbia, desde a noite da última terça-feira (16). Nesta quarta (17) ele se encontrou com o presidente colombiano, Gustavo Petro, na Casa de Nariño, o palácio presidencial, onde discutiram uma série de temas que envolvem as duas nações.
Logo pela manhã os mandatários se reuniram, assinaram uma série de acordos e em seguida almoçaram juntos. No período da tarde participaram do Fórum Empresarial Braisl-Colômbia e da abertura da Feira Internacional do Livro de Bogotá, um dos principais eventos culturais do país que este ano homenageia o Brasil.
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“Fui muito bem recebido pelo presidente colombiano na Casa de Nariño, Palácio Presidencial da Colômbia, para reunião bilateral entre nossos países”, afirmou Lula nas redes sociais.
Na reunião matinal, os principais temas abordados pelos presidentes foram as relações comerciais entre os países, o desenvolvimento sustentável da Amazônia e a inclusão social de brasileiros e colombianos.
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Sobre a região amazônica, Lula e Petro conversaram sobre cooperação comercial, combate ao garimpo e ao desmatamento e a segurança das fronteiras que Brasil e Colômbia têm em comum.
“A vocação para unir o Caribe, o Pacífico e a Amazônia torna a Colômbia um sócio indispensável. Estamos bem posicionados para fazer frente ao imperativo da transição ecológica e da reindustrialização de nossas economias. A nova política industrial brasileira se propõe a aumentar a complementaridade com os vizinhos e adensar nossas cadeias produtivas. Compartilhamos a maior floresta tropical do mundo, uma reserva de biodiversidade incomparável e fonte de conhecimento e tecnologias valiosas”, comentou o presidente Lula nas redes sociais.
Em termos de política sul-americana, ao contrário das alardeadas preocupações sobre as eleições na Venezuela, o principal assunto tratado foi a crise diplomática entre México e Equador, desatada quando a polícia equatoriana invadiu uma representação diplomática mexicana para prender o ex-vice-presidente do Equador, Jorge Glas. Condenado por corrupção, ele tinha recebido asilo político dos mexicanos.
Para Lula, a invasão da embaixada representou uma “grave ruptura do direito internacional”. O Equador está em estado de “conflito armado interno” e a população está com uma série de direitos suspensos.
Relações comerciais
Mas o principal assunto debatido pelos mandatários foram as relações comerciais entre Brasil e Colômbia. O Fórum Empresarial Brasil-Colômbia, que Lula e Petro participaram, já é considerado o maior encontro empresarial da história das relações entre os dois países. Nas redes sociais, Lula comemorou as conversas.
“Há 20 anos, tive a satisfação de inaugurar a primeira Rodada de Negócios Brasil-Colômbia, em São Paulo. Hoje nosso intercâmbio comercial é de mais 6 bilhões de dólares. O Brasil já é o 3º maior parceiro comercial colombiano. Nossa pauta vem se diversificando, impulsionada pelas complementaridades existentes nos segmentos agroindustrial, automotivo, químico, têxtil e farmacêutico. O estoque de investimentos diretos dos dois países somou quase 7 bilhões de dólares em 2023. Esses avanços podem ser maiores”.
O encontro foi organizado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) em conjunto com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), o Ministério das Relações Exteriores (MRE) e a ProColombia.
Nas redes sociais, Lula anunciou que do encontro surgiu a proposta de criar um conselho binacional de cooperação industrial entre os países.
“A criação de um conselho binacional entre a Confederação Nacional da Indústria brasileira e a Associação Nacional de Empresários da Colômbia representa passo adicional nessa direção. Assinamos acordos que vão dinamizar a cooperação bilateral nas áreas de turismo, promoção comercial, saúde,desenvolvimento agrário, comunicações e conectividade”, escreveu Lula.
Esta é a segunda visita do mandatário brasileiro à Colômbia neste terceiro mandato. A primeira ocorreu em julho de 2023. Na ocasião Lula e Petro se reuniram em Letícia, na fronteira amazônica entre os dois países, onde participaram de fórum sobre sustentabilidade e desenvolvimento econômico na Amazônia.
Na próxima quinta-feira (18) o presidente já estará em Brasília, onde participa da 1ª Reunião Ordinária do Conselho Nacional de Política Indigenista (CNPI). Dissolvido em 2019 por Jair Bolsonaro (PL) e recriado or Lula em 2023, o CNPI tem como objetivo a elaboração e o acompanhamento das políticas públicas voltadas aos povos indígenas. O presidente estará acompanhado da ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, durante a cerimônia que ocorre no Salão Negro do Ministério da Justiça e Segurança Pública a partir das 17h.
Discurso de Lula
Confira a seguir o discurso lido pelo presidente Lula no encerramento do Fórum Empresarial Brasil-Colômbia
"Há 20 anos, tive a satisfação de inaugurar a primeira Rodada de Negócios Brasil-Colômbia, em São Paulo.
Naquele momento, afirmei que, em poucos anos, poderíamos dobrar o comércio bilateral, que era de apenas 847 milhões de dólares.
Hoje nosso intercâmbio é de mais 6 bilhões de dólares.
O Brasil já é o terceiro maior fornecedor colombiano.
Fomos escolhidos como país-homenageado em eventos como a Feira Aeronáutica de Rionegro (julho/23), da Feira de Café, Cacau e Agroturismo de Huila (setembro/23) e da Feira Internacional de Construção, Engenharia, Arquitetura e Desenho de Medellín, no próximo mês de agosto.
Ainda nesta tarde, terei a satisfação de estar na Feira do Livro de Bogotá, onde o Brasil é convidado de honra.
Nossa pauta vem se diversificando, impulsionada pelas complementaridades existentes nos segmentos agroindustrial, automotivo, químico, têxtil e farmacêutico.
Das mais de 60 empresas brasileiras instaladas na Colômbia, 20 são de Tecnologia da Informação e Comunicação e atuam em áreas de ponta.
O estoque de investimentos diretos dos dois países somou quase 7 bilhões de dólares em 2023.
Esses avanços podem ser maiores.
Estamos falando de duas das três economias mais importantes da América do Sul.
Juntos somamos 255 milhões de consumidores.
A vocação para unir o Caribe, o Pacífico e a Amazônia torna a Colômbia um sócio indispensável.
Estamos bem posicionados para fazer frente ao imperativo da transição ecológica e da reindustrialização de nossas economias.
A nova política industrial brasileira se propõe a aumentar a complementaridade com os vizinhos e adensar nossas cadeias produtivas.
Compartilhamos a maior floresta tropical do mundo, uma reserva de biodiversidade incomparável e fonte de conhecimento e tecnologias valiosas.
Fomentar a bioeconomia pressupõe o uso adequado desses recursos, em harmonia com a natureza e com os povos da floresta, como pactuamos na Cúpula da Amazônia em agosto passado.
A Colômbia estará no centro desse debate ao sediar a COP-16 da Biodiversidade em Cáli, no final deste ano.
O uso de energias renováveis é igualmente central para o desenvolvimento sustentável.
Quando participou da Cúpula de Chefes de Estado da América do Sul, o presidente Petro afirmou que “a América do Sul pode ser a Arábia Saudita da energia limpa”.
Ele tem toda a razão.
A maior parte do fluxo de investimentos entre nossos países já se concentra no setor energético.
A Petrobras contribui para o desenvolvimento e a segurança energética da Colômbia há quase meio século e tem investido em pesquisa e desenvolvimento de combustíveis de baixo carbono.
Com foco na COP-30 sobre mudança do clima, em Belém, e no compromisso de caminhar rumo à descarbonização, vamos ampliar os investimentos em energias limpas.
90% da energia elétrica consumida no Brasil tem origem em fontes renováveis.
Desenvolvemos tecnologias eficientes na produção de biocombustíveis e motores “flex” à base de etanol.
A Colômbia tem produção competitiva de cana-de-açúcar e pode produzir biodiesel a partir do óleo de palma.
Os ônibus elétricos que circulam em nossas metrópoles poderiam ser produzidos na América do Sul e não do outro lado do mundo.
As embarcações para navegação em nossos rios também podem ser manufaturadas dentro de uma cadeia regional de valor.
Vamos exportar sustentabilidade!
Faremos isso sem descuidar de pautas tradicionais.
Na área de defesa, não queremos apenas vender aviões ou navios. Nossa proposta é criar parcerias estratégicas, com transferência de tecnologia.
A reativação da Comissão de Monitoramento do Comércio Bilateral será fundamental para eliminar entraves.
A criação de um conselho binacional entre a Confederação Nacional da Indústria brasileira e a Associação Nacional de Empresários da Colômbia representa passo adicional nessa direção.
Assinamos acordos que vão dinamizar a cooperação bilateral nas áreas de turismo, promoção comercial, saúde, desenvolvimento agrário, comunicações e conectividade.
Espero que em breve possamos celebrar novos entendimentos no setor automotivo, inclusive em matéria de padrões regulatórios.
A internalização do novo Acordo de Complementação Econômica e do Acordo de Cooperação e Facilitação de Investimentos será central para dar segurança jurídica a exportadores e investidores.
O desenvolvimento de infraestruturas comuns é a base para um continente mais próspero e unido.
O novo Programa de Aceleração do Crescimento contempla rotas vitais de integração com nossos vizinhos.
Uma delas prevê integração multimodal entre Manaus e Manta, no Equador, passando por Colômbia e Peru.
Um corredor bioceânico multimodal poderia facilmente conectar Belém e Macapá, no Oceano Atlântico, a Puerto Tumaco, no oceano Pacífico.
A ligação de Letícia e Tabatinga por fibra ótica no marco do programa brasileiro “Norte Conectado” vai integrar nossas regiões de fronteira.
Temos longas distâncias a vencer. Grandes capitais brasileiras como Manaus e Boa Vista estão mais próximas de Bogotá do que de São Paulo.
O voo direto entre nossas capitais, anunciado hoje, ampliará as opções de conexão e contribuirá para destravar o turismo, os negócios e o intercâmbio acadêmico e estudantil.
Senhoras e senhores,
Minha visita representa a renovação de uma parceria fundamental para o futuro da América do Sul.
Colômbia e Brasil trabalham para que os setores público e privado andem juntos e para que nossas economias cresçam e melhorem a vida das pessoas.
O sucesso deste encontro confirma que nossos empreendedores estão plenamente engajados em um projeto de desenvolvimento que garantirá um futuro mais sustentável, justo e solidário.
Muito obrigado."