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Dirigente de partido do Centrão está foragido após operação contra o PCC em SP

Ele é acusado de simular falsas concorrências entre empresas nas licitações investigadas e é apontado como aliado de um dos cabeças do esquema

Dario Reisinger Ferreira e Vagner Borges Dias.Créditos: Reprodução /Instagram
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Uma megaoperação que contou com 27 promotores, 22 servidores e 200 policiais militares foi desencadeada em São Paulo na manhã da última terça-feira (16) para desbaratar o braço político do Primeiro Comando da Capital (PCC), a principal facção criminosa do estado. Foram 15 mandados de prisão e 42 de busca e apreensão contra figuras ligadas à política paulista e investigadas por fraudes em licitações.

Ricaro Queixão (PSD-Cubatão), Flávio Batista de Souza (Podemos-Ferraz de Vasconcelos) e Luiz Carlos Alves Dias (MDB-Santa Isabel) são três vereadores entre as 13 pessoas presas durante a operação.

Entre os dois que estão foragidos desde ontem, um deles é o advogado Dario Reisinger Ferreira, presidente do diretório municipal do União Brasil em Suzano, na Grande São Paulo. Segundo informações do jornal O Globo, o escritório de advocacia de Reisinger funciona no mesmo endereço que o diretório do partido ligado a Centrão.

Ele é acusado de ajudar a simular a competição entre empresas nas licitações vencidas pelos CNPJs ligados à facção criminosa.

De acordo com informações oriundas da investigação, Reisinger é próximo do principal alvo da Operação Munditia, o empresário Vagner Borges Dias. Dono de pelo menos sete empresas e aliado de Reisinger na política local, Borges Dias é apontado como um dos principais integrantes do esquema.

Ele é acusado de subornar autoridades e falsificar concorrências entre empresas nas fraudes em licitações que beneficiam empresas ligadas ao PCC em contratos públicos e investigado acerca de contratos de limpeza e fiscalização em órgãos públicos. Um dos documentos que está sob apuração se refere a uma contratação do próprio Governo de São Paulo, mas as informações ainda estão sendo apuradas.

Borges Dias também é conhecido como “Latrell Brito”, nome que utiliza como músico. Ele toca num grupo de pagode e tem quase 1 milhão de seguidores no Instagram. No Spotify, entretanto, reúne singelos 371 ouvintes.

O jornal supracitado procurou o partido, que prometeu averiguar a situação. Quando houver uma posição pública a esse respeito, atualizaremos a matéria.

Operação Munditia

Segundo a investigação conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo, empresas atuavam de forma recorrente para frustrar a competição nos processos de contratação de mão de obra terceirizada no Estado, notadamente em diversas prefeituras e Câmaras Municipais.

"Também há indicativos da corrupção sistemática de agentes públicos e políticos (secretários, procuradores, presidentes de Câmara de Vereadores, pregoeiros etc.) e diversos outros delitos – como fraudes documentais e lavagem de dinheiro. As empresas do grupo têm contratos públicos que somam mais de R$ 200 milhões nos últimos anos. Alguns deles atendiam a interesse do PCC, que tinha influência na escolha dos ganhadores de licitações e repartia os valores ilicitamente auferidos", diz o MP.

A investigação detectou fraudes em processos de contratação de mão de obra terceirizada em São Paulo, Guarulhos, Ferraz de Vasconcelos, Cubatão, Arujá, Santa Isabel, Poá, Jaguariúna, Guarujá, Sorocaba, Buri, Itatiba. Outros municípios têm contratos sob análise.

Na semana passada, o Gaeco prendeu quatro dirigentes de empresas de ônibus da capital paulista, também acusados de ligação com o PCC.

O grupo, segundo o MP, usava as empresas Transwolff e UPBus - que prestam serviços de transporte coletivo nas Zonas Sul e Leste da capital - para lavar dinheiro do tráfico de drogas da facção criminosa.

O prefeito Ricardo Nunes (MDB) precisou nomear dois interventores da SPTrans, que estão trabalhando na direção e operação das duas empresas.

Segundo a denúncia do Gaeco à Justiça, a Transwolff e a UPBus receberam mais de R$ 5,3 bilhões da prefeitura desde 2015, ano da assinatura dos primeiros contratos de concessão com a SPTrans, para operação de linhas de ônibus nas Zonas Sul e Leste da cidade.