RICHA DENTRO DE GRUPO CRIMINOSO

Grande racha no PCC: Entenda a guerra interna da facção

A guerra interna no Primeiro Comando da Capital atinge seu auge com líderes históricos em campos opostos.

Créditos: Foto: Divulgação
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O Primeiro Comando da Capital (PCC), uma das organizações criminosas mais poderosas do Brasil, enfrenta uma crise interna sem precedentes desde 2006, quando o promotor de Justiça Lincoln Gakiya, do Grupo de Atuação Especial e de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Presidente Prudente (SP), começou a investigar as atividades do grupo. A facção, que completa 30 anos de existência, está dividida em uma guerra interna que ameaça a estabilidade e a hierarquia.

 

Desdobramentos do Maior Racha na História do PCC

O promotor Lincoln Gakiya, que tem acompanhado de perto os eventos que levaram ao cenário atual, descreveu em uma entrevista a UOL os principais pontos dessa disputa que envolve o Marcola, apontado como líder máximo, e outros quatro integrantes de destaque na cúpula da facção.

 

2012: Início da Tensão

O conflito teve seu início em 2012, na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP), quando Marcos Paulo Nunes da Silva, conhecido como Baianinho Vietnã, foi acusado de tomar controle de um ponto de venda de drogas sem autorização da facção. O líder Marcola interveio, concordando com a exclusão de Vietnã, mas suspendendo a pena de morte, gerando descontentamento entre outros membros da cúpula, como Edilson Borges Nogueira, o Biroska.

 

2017: Revelações Explosivas

O livro "Laços de Sangue - A História Secreta do PCC", lançado em 2017, revelou informações que desagradaram Marcola, especialmente sobre sua ex-mulher, Ana Maria Olivatto, sendo informante do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic). Biroska, ao comentar sobre a história, foi assassinado na penitenciária, gerando revolta entre lideranças como Gegê do Mangue, Paca, e outros.

 

2018: Assassinatos em Fortaleza

Gegê do Mangue e Paca foram assassinados em Fortaleza, Ceará, a mando de Gilberto Aparecido dos Santos, conhecido como Fuminho. O motivo era a descoberta de desvios de drogas da organização no Porto de Santos. O duplo assassinato gerou um conflito interno violento.

 

2019: Transferência para Presídios Federais

Marcola e outros líderes foram transferidos para presídios federais após a descoberta de um plano de resgate. Tiriça, Vida Loka e Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho, já haviam sido removidos anteriormente.

 

2021: Expulsão de Líderes Importantes

Cego, uma das principais lideranças, foi afastado da facção devido à discordância com os assassinatos ocorridos anteriormente. Ele divulgou um "salve" ordenando a morte dos envolvidos nas execuções de Gegê do Mangue e Paca. A reação não demorou, e Cabelo Duro, acusado de participar do duplo assassinato, foi morto a tiros de fuzil.

 

2022: Novo Chefe e Revelações Chocantes

Patrick Velinton Salomão, conhecido como Forjado, assumiu a liderança nas ruas em 2022. Marcola, em uma conversa gravada, chamou Tiriça de "psicopata". O áudio foi usado no julgamento de Tiriça, que acabou sendo condenado a 31 anos de prisão.

 

2023: Confronto no Presídio

Vida Loka e Andinho brigaram fisicamente na Penitenciária Federal de Brasília, onde estavam também Tiriça e Marcola, evidenciando ainda mais o racha interno.

 

2024: Expulsões e Anúncio da Morte

A facção presenciou a expulsão de Valdeci Alves dos Santos, o Colorido, e, em fevereiro de 2024, Tiriça, Vida Loka e Andinho uniram-se, anunciando a exclusão de Marcola e decretando sua morte por má condução dos "negócios do Comando" e interesses próprios.

 

Atualidade Racha Histórico e Previsões de Novas Facções

Um novo "salve" assinado pela "sintonia final" do PCC comunicou a expulsão de Tiriça, Vida Loka e Andinho, acusando-os de calúnia e traição contra Marcola. A mensagem afirma que o áudio vazado de Marcola foi analisado e que ele não fez nada errado. O temor pela segurança dos presos cresce, especialmente após a recente fuga de membros do Comando Vermelho.

O racha histórico entre Marcola e seus ex-aliados agora transformou a Penitenciária Federal de Brasília em um campo de batalha iminente. As ameaças mútuas de morte entre os líderes da facção tornam a situação ainda mais explosiva. Fontes carcerárias afirmam que o conflito pode resultar na criação de uma nova facção criminosa, semelhante ao que aconteceu em 2002 com a formação do Terceiro Comando da Capital (TCC) após o racha anterior.

A guerra interna no PCC continua a evoluir, e a segurança nas prisões e nas ruas de São Paulo está em risco. A incerteza paira sobre o destino da facção que, por décadas, manteve uma influência significativa no cenário criminal brasileiro.

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