"DILETO AMIGO"

Mourão diz que afastamento do amigo Thompson Flores pelo CNJ é a "pior violência"

Defensor de torturadores da Ditadura, Mourão indicou o desembargador, responsável por manter Lula na prisão, ao STF. "Enganam-se aqueles que acham que a violência é somente física", choramingou o general.

Hamilton Mourão com Thompson Flores no Clube Militar do Rio de Janeiro em 2018.Créditos: Divulgação
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Defensor de torturadores da Ditadura Militar, o senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), ex-vice de Jair Bolsonaro (PL), classificou como "pior violência" o afastamento do cargo do desembargador Carlos Eduardo Thompson Flores pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

"Enganam-se aqueles que acham que a violência é somente física. Pior violência é aquela perpetrada sorrateiramente, com requintes de covardia e objetivando destruir reputações", escreveu o senador na rede X.

Ex-presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), Flores foi afastado pelo ministro Luís Felipe Salomão, corregedor-nacional de Justiça, por desobedecer a decisões do Supremo Tribunal Federal (STF).

Além dele, o CNJ afastou o também desembargador Loraci Flores de Lima e os juízes Danilo Pereira, que era titular da 13ª Vara Federal, e Gabriella Hardt, que substituiu Sergio Moro (União-PR) na jurisdição.

Segundo Mourão, a decisão de Salomão "em prejuízo de magistrados de reputação ilibada e trajetórias inatacáveis, mostra que o judiciário brasileiro perdeu sua bússola moral".

"Dileto amigo"

Em 2018, Mourão foi alvo de uma representação na Justiça por levar Thompson Flores para palestrar no Clube Militar do Rio de Janeiro - presidido pelo general da Reserva - após o desembargador manobrar com Moro para impedir o cumprimento da decisão de Rogério Favretto, de libertar Lula, fosse cumprida.

Flores ignorou a Constituição e a Lei e o Código da Magistratura, que vedam aos juízes a participação de magistrados em atividades político-partidárias.

Na ocasião, Mourão trocou afagos com o desembargador, que classficou o militar como  “meu dileto amigo”.

Após reuniões constantes, já na vice-presidência, Mourão atuou abertamente para a indicação do amigo a uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), que foi barrada por Bolsonaro.

"Minha indicação o presidente não quer. Já havia conversado com o presidente sobre o nome há muito tempo, e o presidente também tem conhecimento do papel e da competência técnica e profissional do desembargador, mas ele tem outras variáveis que leva em consideração para essa decisão", disse em 2021.

Indagado se a indicação seria de Thompson Flores, o general afirmou: "esse aí".

À época, Bolsonaro buscara um ministro "terrivelmente evangélico" e acabou indicando André Mendonça.

“Não é evangélico, mas se trata de um excepcional magistrado, dotado de uma extraordinária cultura geral e profissional. Sua ascensão ao STF seria excelente para o País”, disse Mourão ao Antagonista à época sobre Thompson Flores.