Eleito por aclamação para a presidência do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), colegiado que entrou no centro das polêmicas da Lava Jato ao reformar as sentenças da 13ª Vara Federal de Curitiba, onde atuou Sergio Moro, o desembargador Ricardo Teixeira do Valle Pereira afirmou, em entrevista ao site Consultor Jurídico, que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que anulou as condenações do ex-presidente Lula deveria ter sido tomada mais cedo.
"É claro que o ideal seria que uma decisão dessa fosse tomada mais cedo, já que temos fatos que ocorreram há muito tempo", disse.
Corregedor na gestão de Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, que teria atuado junto aos procuradores da força-tarefa e a Sergio Moro para impedir que Lula fosse libertado em 2018, segundo áudios apreendidos na Operação Spoofing, Pereira diz que não tem conhecimento dos processos envolvendo o ex-presidente, mas ressalta que confia na decisão de desembargadores, que embasaram - e até aumentaram penas - a sentença de Sergio Moro sobre o caso Triplex.
"O que nós temos, pelo menos pelo relato dos colegas, é que são processos que foram conduzidos de acordo com as normas processuais. Se a turma referendou as decisões (da 13ª Vara Federal de Curitiba) é porque reputava que não havia vício algum. O Supremo chegou a outra conclusão e, como se trata da instância final, tem de ser respeitado", afirmou.
Para o desembargador, que toma posse em junho para o biênio 2021-2023, "a (8ª) Turma do TRF-4 cumpriu a sua função". "Cumpriu-se também a tarefa que era cabível ao Supremo e, tomada, tem de ser cumprida".