TWITTER FILES BRAZIL

"Jornalista investigativo" do caso Musk repete fake news no Senado; Malta tira selfie

David Ágape tirou a máscara e se mostrou bolsonarista adepto das teorias da conspiração. Magno Malta, que comandou a audiência pública, tirou selfie antes da fala do estadunidense Michael Shellenberger,

Magno Malta tira selfie com jornalista estadunidense Michael Shellenberger após ouvir fake news de Davi Ágape.Créditos: Geraldo Magela/Agência Senado
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Em audiência pública comandada por Magno Malta (PL-ES) no Senado na manhã desta quinta-feira (11), David Ágape, que se autoclassifica como "jornalista investigativo", parceiro do estadunidense Michael Shellenberger nos chamados "Twitter Files Brazil" delirou, repetindo teses e fake news propagados por apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) no Brasil e de Donald Trump nos EUA.

Ágape é fundador do site "A Investigação", que propaga uma série de teorias da conspiração inspiradas no movimento QAnon e no universo bolsonarista para atacar Lula e a esquerda.

Em meio a uma série de impropérios, o "jornalista" repetiu uma antiga fake news para tentar ligar o PT e Lula a facções criminosas.

"É importante destacar, inclusive eu escrevi uma reportagem sobre isso, que o apoio das facções a Lula não é novo. Ele é antigo. Vem desde a década de 90, década de 80. Essa facção [PCC], inclusive chegou a colocar uma bomba dentro de um prédio privado, a Bolsa de Valores, para tentar forçar o voto em Lula. Coagiu familiares de presos para que votassem em Lula. Esse apoio não é novidade para quem acompanha a História", disse na comissão no Senado.

O caso citado remonta a 2002, sobre uma carro-bomba montado por um integrante do PCC para explodir em frente à Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) às vésperas da eleição. A ação, no entanto, foi em protesto contra a transferência de líderes da facção para o o recém-inaugurado CRP (Centro de Readaptação Penitenciária) de Presidente Bernardes (SP), sem qualquer conotação eleitoral.

Em seu delírio ao lado dos bolsonaristas no Senado, Ágape mostrou um Power Point para apontar três pilares da censura, incluindo o PL das Fake News, que sequer foi à votação no legislativo e acaba de ser enterrado por Arthur Lira.

O "jornalista investigativo" ainda dedicou boa parte de seu tempo a repetir os ataques a Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), repetindo que o ministro "se tornou investigador, acusador, vítima e juiz", citando logo em seguida que a investigação é conduzida pela Polícia Federal.

"Tudo isso tem ocorrido com a leniência das instituições, porque acreditam que a Direita e Bolsonaro são um grande risco para a democracia e que essa quebra constitucional é para o bem maior", emendou.

Ágape tirou o véu e se mostrou aliado ferrenho de Bolsonaro ao defender Monark, Luciano Hang, o véio da Havan, e a produtora Brasil Paralelo.

Após Ágape, Michael Shellenberger foi ouvido. Antes, porém tirou uma selfie com Magno Malta. Na sequência, o jornalista estadunidense repetiu as teses da ultradireita fascista atacando a esquerda e defendendo a "liberdade de expressão".

"Séculos de democracia e as pessoas reclamando dos processos das eleições. E ainda temos democracia, não é?", indagou o estadunidense, ganhando a anuência dos bolsonaristas presentes.

"Mas, agora eles querem censurar as reclamações sobre as eleições. Agora, eu não pensei que as eleições de Biden foram roubadas, esse é meu ponto de vista, mas defendo o direito das pessoas dizer isso. Se você não defende ideias que odeia, você realmente não é defensor da liberdade de expressão. Se você só defende as ideias que você gosta, você é partidário. Me sinto chocado porque uma pessoa precisa explicar isso, até para jornalistas. Mas, é uma coisa que tínhamos que fazer", concluiu o estadunidense, sem explicar absolutamente nada sobre as pretensas denúncias que fez.

Em tuite nesta quinta-feira, antes do depoimento no Senado, Shellenberger voltou atrás sobre a principal "denúncia" do caso, de que "Moraes e outros funcionários do governo ameaçaram processar criminalmente o advogado do Twitter no Brasil se ele não entregasse informações privadas e pessoais".

"Isso está incorreto. Não tenho provas de que Moraes tenha ameaçado processar criminalmente o advogado brasileiro do Twitter", escreveu.

"Os arquivos originais do Twitter - Brasil são precisos. No texto acima eu inadvertidamente misturei a exigência de Moraes de desmascarar as identidades das pessoas que usaram essas hashtags com casos diferentes. Lamento o erro e peço desculpas pelo meu erro", emendou.