JUIZ DE FORA

Margarida Salomão: “Memória é um elemento fundamental para a construção da democracia”

No próximo dia 1º de abril acontece a Marcha da Democracia, iniciativa popular que parte do RJ em direção a Juiz de Fora, em memória aos mais de 50 mil perseguidos pelo regime

Margarida Salomão, prefeita de Juiz de Fora (MG).Créditos: Facebook/Margarida Salomão
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Em entrevista à Fórum, a atual prefeita da cidade de Juiz de Fora, Margarida Salomão (PT/MG) falou sobre a Marcha da Democracia, ato que sairá do Rio de Janeiro no dia 1º de abril e chegará à cidade mineira. "É uma iniciativa da sociedade que, [nós] naturalmente como poder público acolhemos e vamos participar, porque temos o entendimento de que o trabalho da memória é um elemento fundamental para construção da democracia no Brasil”, afirma.

O movimento terá um peso simbólico, já que o município, há 60 anos, foi palco das primeiras ações de repressão, além da instauração do golpe, que marcaram o início da ditadura militar no Brasil e, por isso, contará com uma homenagem às vítimas e aos sobreviventes. “É disso que se trata: fazer a caminhada inversa, fazer a recuperação dos eventos de 64 que se iniciaram em Juiz de Fora, por uma circunstância histórica, do General Mourão Filho ter precipitado uma articulação que ultrapassava muito ele na verdade. Era uma peça muito subordinada naquela engrenagem, mas por ‘desejo de protagonismo’ ele que estava muito próximo de se reformar como general, então, desencadeou ainda antes do dia 1º de abril, antes da descida das tropas no dia 31 de março, várias ações em Juiz de Fora que fizeram com que pessoas fossem presas e abordadas de forma irregular.”

“Nós estamos participando dessa iniciativa da sociedade com propósito de resgatar a memória e defender a democracia”, diz. Margarida também destaca que, como parte da programação da marcha, a placa com o nome do presidente João Goulart, que havia sido removida da Avenida Presidente João Goulart, será restaurada.

“Vamos restabelecer uma placa com o nome do presidente João Goulart que tinha sido há anos atrás não se sabe por quem nem por que removida do lugar, que designa uma importante avenida da cidade com o nome desse ex-presidente. Este que mesmo em condições diversas, era uma liderança popular de grande relevância.”

Ex-presidente João Goulart e Maria Thereza Goulart/Foto: Arquivo Nacional

‘Marchar para lembrar e lembrar para avançar’

Além disso, a prefeita ressalta a importância de identificar e reparar os danos causados pela ditadura na cidade. “Nós temos que prestigiar nosso arquivo histórico para fazer a identificação das pessoas que foram afrontadas, prejudicadas, perseguidas nesses dias tão sombrios da democracia brasileira e buscando na medida do possível resgatar e reparar”, reitera Margarida.

“A mensagem que eu gostaria de deixar é que a democracia é um bem universal, mesmo com todas as imperfeições, é uma condição da qual nenhuma civilização deve abrir mão. Então, com essas palavras sabendo, como escrevi um artigo publicado essa semana: é necessário marchar para lembrar e lembrar para avançar. Estamos apoiando a marcha de democracia que acontecerá no dia primeiro de abril, que sairá do Rio de Janeiro para Juiz de Fora, culminando às 4 horas da tarde na Praça Antônio Carlos, com grande ato de reparação e de relembramento.”

 

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