Nas imagens da estadia do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na embaixada da Hungria em Brasília, reveladas na última segunda-feira (25) pelo jornal norte-americano The New York Times, é possível ver que, às 20h38 do dia 13 de fevereiro, um homem chegou no banco traseiro de um carro e foi para o interior do imóvel, permanecendo no local por 38 minutos. Depois, se despediu de Bolsonaro.
Dois dias depois o jornalista Igor Gadelha, do site Metrópoles, recebeu a informação de interlocutores do ex-presidente de que o “homem misterioso” em questão seria o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), conhecido como Carluxo.
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Na ocasião, nem o ex-mandatário e nem o vereador comentaram tal afirmação. Mas nesta sexta-feira (29), aliados de Carluxo teriam confirmado a Bela Megale, colunista de O Globo, que se tratava, de fato, do filho ‘zero-dois’.
Também revelaram a razão da visita. Carluxo estaria em Brasília para visitar sua filha – a mesma que é apontada como sendo sua irmã, fruto de uma suposta relação extraconjugal do ex-presidente. Mas essa é uma outra história. De todo modo, seus aliados colocaram a criança na narrativa para justificar a presença do vereador carioca na capital federal.
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Isto posto, o filho ‘zero-dois’ estaria evitando frequentar a casa do pai e viu no refúgio húngaro uma chance de vê-lo sem a presença da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. O teor da conversa entre pai e filho em plena representação diplomática, no entanto, ainda é uma incógnita.
Carluxo é um reconhecido desafeto de Michelle. A relação entre eles é ruim há tempos e piorou a partir de 2021, quando ele morou durante seis meses no Palácio da Alvorada, por decisão conjunta com o pai, por temor de ser preso.
Em agosto de 2022, Michelle esqueceu de incluir Carluxo numa foto comemorativa de Dia dos Pais. Em 2023, dias após o 8 de janeiro, ela teria perdido a paciência com o enteado por conta de uma postagem nas redes sociais e ambos deixaram de se seguir.
A postagem feita nas redes sociais do pai, e logo apagada, foi usada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, para incluir o ex-presidente no rol de suspeitos da investigação que apura os mentores intelectuais dos ataques terroristas às sedes dos três poderes em Brasília no último dia 8 de janeiro. Hoje, a investigação já está avançada.
"Caso de prisão"
Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, um dos advogados criminalistas mais conceituados do país, reforça o coro de juristas que avaliam existir razões suficientes para que seja decretada uma ordem de prisão preventiva contra Jair Bolsonaro.
O motivo é o fato do ex-presidente ter se refugiado por dois dias na Embaixada da Hungria no Brasil, localizada em Brasília. A revelação veio a partir de um furo do jornal norte-americano The New York Times, nesta segunda-feira (25).
O periódico trouxe à tona que o ex-mandatário chegou a ficar dois dias escondido na sede da representação diplomática húngara no Brasil, supostamente, para evitar sua prisão dias após a apreensão de seu passaporte, por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e de dois de seus mais próximos assessores terem sido presos. O fato ocorreu na primeira quinzena de fevereiro.
Bolsonaro teve o documento de viagem apreendido como medida cautelar contra uma possível fuga do Brasil, uma vez que o ex-chefe de Estado é o alvo central do inquérito que investiga a tentativa de golpe de Estado perpetrada pelo antigo governo entre o final de 2022 e o começo de 2023, após a derrota do radical para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O fato do ex-presidente se refugiar na Embaixada da Hungria, o que evitaria sua prisão por conta do princípio da extraterritorialidade (o imóvel é considerado território húngaro), pode configurar violação de medida cautelar. Em entrevista à Fórum, Kakay sustentou que a situação observada é "claramente uma tentativa de fuga" e que "é o caso de prisão preventiva".
"Ele [Jair Bolsonaro] está sem passaporte, o ministro Alexandre determinou a apreensão. É claramente uma tentativa de fuga, pelo menos de refúgio. Então, é motivo de prisão. Eu até entendo que a pessoa tem direito de fugir, mas a jurisprudência mudou. E hoje, efetivamente, é caso de prisão preventiva. Especialmente pelo fato de estar sem passaporte e com medidas cautelares, justificaria a prisão", analisa o criminalista.