Jair Renan, o filho ‘zero-quatro’ de Jair Bolsonaro (PL) que hoje vive em Balneário Camboriú, publicou nesta quarta-feira (27) no Instagram um vídeo em que usou o estado de Santa Catarina e a Venezuela como espantalhos para lacrar em cima de figuras identificadas com a esquerda. A publicação teve quase 10 mil curtidas e centenas de comentários.
Há quem diga que ele estaria lançando uma pré-candidatura a vereador da, assim chamada, “Dubai brasileira”. No entanto, a lacração digital parece ter servido como uma espécie de cortina de fumaça para a notícia que realmente interessa a seu respeito: ele agora é réu por lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, fraude em empréstimo bancário e uso de documento falso.
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Indiciado no último dia 15 de março e com denúncia oferecida pelo Ministério Público no último dia 20, nesta quarta a 5 Vara Criminal de Brasília aceitou a denúncia e o tornou réu. Maciel Alves de Carvalho, que atuou como instrutor de tiro de Jair Renan e já chegou a ter mais de 10 CPFs também é réu.
O presente inquérito é o mesmo que deu origem à Operação Nexum, do Departamento de Combate à Corrupção da PC-DF, que em agosto passado realizou operações de busca e apreensão na casa de Jair Renan, Maciel e outros dois alvos. De acordo com reportagem do g1, os investigadores apontam que a dupla falsificou pelo menos quatro relatórios de faturamento da RB Eventos e Mídia, empresa que Jair Renan era proprietário. De acordo com a fraude, a empresa teria faturado mais de R$ 4,6 milhões entre 2021 e 2022, o que nunca foi condizente com a realidade.
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Maciel e Jair Renan teriam usado esses dados falsificados para obter lastro a fim de contratar um empréstimo de R$ 157 mil. Conseguiram e, em seguida, tomaram mais dois empréstimos. Mas não é só isso. Parte do dinheiro obtido com a fraude foi usado pelo ‘zero-quatro’ para pagar faturas de cartão de crédito que estavam na casa dos R$ 60 mil. No final de 2023, ele já tinha uma dívida de mais de R$ 360 mil com o Santander.
À polícia, Jair Renan afirmou que não reconhecia suas assinaturas e disse que teriam sido falsificadas. Mas os peritos o desmentiram. De acordo com a Civil, ele ainda teria ido pessoalmente à agência bancária contratar o empréstimo e autorizou as transações por meio de biometria.
Para complicar ainda mais a situação, o dinheiro teria ido para a conta de Antônio Amâncio Alves Mandarrari antes chegar a Maciel e Jair Renan. Mas Mandarrari, conforme apontam os investigadores, não existe. A conta em questão era movimentada exclusivamente por transações que envolviam os autores do esquema. A existência de um “laranja fictício” teria feito com que os investigadores também acusem a dupla de praticar a lavagem de dinheiro.
Por fim, a RB Eventos, empresa que teria rendido milhões entre 2021 e 2022, foi doada por Jair Renan a Marcos Aurélio Rodrigues dos Santos, outro investigado pelo esquema e proprietário de um clube de tiro, em 13 de março de 2023. As defesas não comentaram o caso.