Advogados de Jair Bolsonaro (PL) vão manter, em explicação a Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a narrativa de que o ex-presidente não planejava fugir do país ao se abrigar na embaixada da Hungria durante duas noite em fevereiro, após operação da Polícia Federal (PF) sobre os atos golpistas.
A defesa do ex-presidente deve apresentar as alegações ao ministro, relator das investigações sobre a organização criminosa golpista, nesta quarta-feira (27), quando vence o prazo estipulado pelo próprio Moraes.
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Bolsonaro vai enfatizar ainda que esteve na embaixada, que fica a 20 minutos de sua casa, para manter contato com autoridades húngaras. A justificativa é a mesma divulgada na nota da defesa na segunda-feira (25), depois que o jornal The New York Times revelou as imagens do ex-presidente na embaixada húngara após a ação da PF.
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Segundo Mônica Bergamo, em reportagem na Folha de S.Paulo, a defesa alegará ainda que Bolsonaro não teria razões para "suspeitar minimamente" de que seria alvo de mandato de prisão, visto que a operação que encarcerou aliados próximos - como o ex-assessor Filipe Martins - havia ocorrido dias antes.
Os advogados Fabio Wajngarten, Paulo da Cunha Bueno e Daniel Tesser vão relatar a Moraes que não haveria tempo hábil para que a PF analisasse os documentos apreendidos na operação e pedisse a prisão do ex-presidente.
Prisão definitiva
Defendida no mundo jurídico, a prisão preventiva de Bolsonaro por causa do abrigo na embaixada não deve ser efetivada pelo Supremo Tribunal Federal (ST) - que pode decidir por uma medida mais branda, como a colocação de tornozeleira eletrônica no ex-presidente.
Enquanto isso, a Polícia Federal já estipula um cronograma para uma provável condenação, que levaria Bolsonaro para a cadeia de forma definitiva pela articulação golpista após a derrota para Lula nas eleições de 2022.
Segundo investigadores, citados na coluna de Malu Gaspar no jornal O Globo, a investigação deve ser concluída até o mês de julho, quando será enviado o relatório à Procuradoria-Geral da República.
A PF acredita que, diante da avalanche de provas, a PGR deve denunciar Bolsonaro e membros da organização criminosa com rapidez.
Dessa forma, o Supremo receberia a denúncia em agosto, após o recesso do judiciário no meio do ano.
Na corte, a tramitação, sob relatoria de Moraes, também deve ser à toque de caixa e o julgamento deve começar ainda neste ano, em dezembro.
Segundo cálculos dos investigadores, de quatro meses entre a acusação e o julgamento, a condenação poderá acontecer no final do ano e Bolsonaro iria para a cadeia antes de 8 de janeiro de 2025, quando os atos golpistas completarão dois anos.