Uma pesquisa para a Prefeitura de Curitiba (PR) mostra empate técnico entre cinco possíveis candidatos das eleições municipais que serão disputadas em outubro deste ano. Com o ex-deputado federal Deltan Dallagnol (Novo), cassado em maio do ano passado, a pesquisa de opinião mostra cenário eleitoral em aberto na capital do Paraná.
O levantamento de intenção de voto foi realizado pelo instituto Radar Inteligência, com uma amostra de 816 eleitores da capital paranaense, dos dias 12 a 14 de março. A margem de erro é de 3,5 pontos percentuais, contados para mais e para menos.
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Quando perguntados em quem votariam para prefeito de Curitiba, se a eleição fosse realizada hoje, 15,8% dos eleitores curitibanos responderam ter preferência pelo atual vice-prefeito Eduardo Pimentel (PSD), apoiado pelo prefeito Rafael Greca (PSD) e o governador Ratinho Junior (PSD).
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Em seguida, aparece o nome do possível concorrente de Pimentel em um segundo turno: o deputado federal e ex-governador Beto Richa (PSDB), com 13,1%. Richa tem o maior índice de rejeição de voto, com 36,7%, bem superior aos 4,9% de Goura, o segundo mais rejeitado.
Na última sexta-feira (15), ele comunicou, por meio de uma nota divulgada à imprensa, que teria tentado, sem sucesso, se filiar ao PL do ex-presidente Jair Bolsonaro, para disputar o pleito. Os bolsonaristas decidiram por apoiar o ex-deputado federal Paulo Martins (PL).
O ex-prefeito Luciano Ducci (PSB) aparece na terceira posição, com 12,3%. Ducci tem recebido apoio de Gleisi Hoffmann, presidente do PT e deputada federal pelo Paraná, tendo em vista que o partido de Lula não planeja lançar candidatura própria.
Uma figura surpreendente foi escolhida na quarta colocação: o ex-procurador da República e ex-deputado federal Deltan Dallagnol, que aparece com 11,5% das intenções de voto. Ele teve mandato cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em maio de 2023, por unanimidade do plenário.
Por fim, o quinto candidato empatado é o deputado estadual Ney Leprevost (União Brasil), com 10,9%. Os demais prováveis concorrentes acumulam menos de 5% das intenções de voto. Cerca de um a cada cinco (20,1%) eleitores de Curitiba não souberam responder, não votariam em qualquer opção, anulariam ou votariam em branco.
Confira:
- Eduardo Pimentel (PSD) - 15,8%
- Beto Richa (PSDB) - 13,1%
- Luciano Ducci (PSB) - 12,3%
- Deltan Dallagnol (Novo) -11,5%
- Ney Leprevost (União Brasil) - 10,9%
- Paulo Martins (PL) - 4,7%
- Maria Victória (PP) - 3,3%
- Luizão Goulart (Solidariedade) - 3,2%
- Carol Dartora (PT) - 2,6%
- Goura Nataraj (PDT) - 2,5%
- Nenhum/Nulo/Branco - 7,8%
- Não sabe/Não opinou - 12,3%
Segundo turno
Nenhum candidato sairia vencedor em um segundo turno contra Pimentel, aponta a pesquisa de intenção estimulada de voto. O pré-candidato pelo PSD lidera todos os oponentes indicados: Luciano Ducci, Ney Leprevost e Deltan Dallagnol.
Ducci estaria atrás do concorrente por menos de dois pontos percentuais: 30,6% contra 28,8%. ele é favorecido entre o gênero feminino, na faixa etária de 25 a 34 anos, com grau de instrução entre analfabeto e ensino fundamental completo, e de rendimentos médios (2 a 5 salários mínimos). Pimentel vence todas as demais categorias.
Contra Leprovest, Pimentel abre diferença de 2,2%, ainda apagada pela margem de erro. O candidato do União é preferido pelo gênero masculino, de faixa etária de 45 a 59 anos, com grau de instrução entre ensino médio incompleto e completo, e de rendimentos médios (2 a 5 salários mínimos). Pimentel vence todas as demais categorias.
Por fim, Dallagnol perderia contra Pimentel por 14,6%. Ele não venceria o adversário em qualquer categoria de eleitor: gênero, faixa etária, grau de instrução e nível econômico. A maioria dos entrevistados preferiu votar em nenhum, em nulo ou em branco do que no deputado cassado.
Outros cenários
A Radar Inteligência promoveu mais cenários para as eleições municipais de Curitiba:
Cenário 2
- Eduardo Pimentel (PSD) - 24,0%
- Ney Leprevost (União Brasil) - 19,2%
- Luciano Ducci (PSB) - 17,0%
- Carol Dartora (PT) - 3,9%
- Goura Nataraj (PDT) - 3,3%
- Nenhum/Nulo/Branco -13,4%
- Não sabe/Não opinou - 19,2%
Cenário 3
- Eduardo Pimentel (PSD) - 21,5%
- Luciano Ducci (PSB) - 17,4%
- Ney Leprevost (União Brasil) - 16,4%
- Deltan Dallagnol (Novo) -12,0%
- Paulo Martins (PL) - 4,4%
- Nenhum/Nulo/Branco -10,9%
- Não sabe/Não opinou - 17,4%
Cenário 4
- Eduardo Pimentel (PSD) - 28,3%
- Luciano Ducci (PSB) - 23,0%
- Carol Dartora (PT) -4,4%
- Goura Nataraj (PDT) - 3,4%
- Nenhum/Nulo/Branco - 18,4%
- Não sabe/Não opinou - 22,5%
Dallagnol pode concorrer?
O ex-deputado federal Deltan Dallagnol teve seu mandato cassado pelo TSE, em maio do ano passado. No julgamento, os ministros invalidaram o registro de candidatura de Dallagnol a deputado, fazendo, consequentemente, com que ele perca seu mandato na Câmara.
A candidatura do ex-procurador da Lava Jato foi contestada pela federação Brasil da Esperança (PT/PCdoB/PV) no Paraná e pelo Partido da Mobilização Nacional (PMN), em 2022, pelo fato de que ele estaria impedido de concorrer nas eleições pela Lei da Ficha Limpa.
A federação declarou que Dallagnol pediu exoneração de seu cargo de procurador tendo 15 processos pendentes no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). As regras eleitorais determinam que magistrados, procuradores e promotores não podem ter procedimentos pendentes na esfera administrativa para disputar eleições – somente depois de oito anos a partir da exoneração.
A aparição do ex-parlamentar como pré-candidato nas pesquisas de voto para a Prefeitura de Curitiba, porém, não pode ser impedida, de acordo com o juiz Irineu Stein Junior, da 145ª Zona Eleitoral de Curitiba, referente ao Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR).
Segundo ele, "não há na legislação eleitoral" qualquer previsão que impeça a inclusão do nome de Dallagnol entre os possíveis candidatos. O magistrado ainda colocou que uma decisão errada poderia "influenciar indevidamente o processo eleitoral".
O juiz também acrescentou que na decisão da cassação do mandato de Dallagnol na Câmara dos Deputados não constava a inegibilidade do político, de modo que ele está permitido a concorrer a cargos políticos no período de oito anos.