Valdemar Costa Neto (PL) contou à Polícia Federal que foi pressionado por Jair Bolsonaro (PL) e deputados do seu partido para mover ação que questionava os resultados eleitorais de 2022. O depoimento foi dado no âmbito das investigações sobre a tentativa de golpe de Estado e tornado público nesta sexta-feira (15) pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
O presidente do PL falou de forma expressa que a ação contra as urnas foi uma demanda direta de Bolsonaro e que o uso de dados do Instituto Voto Legal para embasar a ação foi uma sugestão do astronauta Marcos Pontes, atual senador e à época ministro de Ciência e Tecnologia. O partido pagou R$ 1 milhão ao instituto para receber os dados que usou no relatório.
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A ação em questão foi apresentada em nome do seu partido ao Tribunal Superior Eleitoral logo que o teor dos dados IVL vazaram para a imprensa. O texto pedia que o TSE invalidasse os resultados de quase 280 mil urnas eletrônicas utilizadas no segundo turno. De acordo com a ação, o partido afirmava que havia irregularidades no equipamento que impediram uma vitória de Bolsonaro com 51% dos votos.
Na prática, a ação colocava em dúvida cerca de metade das urnas eletrônicas disponíveis e tinha como objetivo garantir a permanência de Bolsonaro no poder sem que interferisse na eleição na ampla bancada de 99 deputados federais e 8 senadores eleitos pelo PL.
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Mas Alexandre de Moraes, presidente do TSE, rejeitou a ação e impôs uma multa de R$ 22 milhões ao partido acusando a legenda de litigância de má-fé. Em outras palavras, o “Xandão” entendeu que o acionamento da Justiça Eleitoral foi abusivo, sem fidelidade aos fatos e mirava um objetivo claramente ilegal.
Sobre as pressões que sofreu de Bolsonaro e de parlamentares do PL para apresentar o relatório, Valdemar alega que argumentou, por diversas vezes, que o melhor caminho era desistir de uma intentona golpista e focar em fazer oposição democrática ao novo governo. Segundo ele, “a luta deveria continuar de outra forma, fiscalizando” o Governo Lula.
Minuta triturada
Sobre as minutas golpistas, Valdemar afirma que foram trituradas. Ele se refere a minutas que estiveram em poder do PL. Uma delas, que foi apreendida em 8 de fevereiro pela Operação Tempus Veritatis na sede do PL em Brasília, no entanto, foi encontrada em sala de uso exclusivo de Bolsonaro.
Sobre possível prevaricação, por ter tido acesso aos documentos e não denunciado, o presidente do PL afirma que nunca levou a sério uma possibilidade de golpe e que, por isso, não deu maior importância.
Luto no Planalto
Valdemar também revelou aos federais que o “clima” no Palácio do Alvorada era de “luto” após as eleições. Segundo seu relato, Bolsonaro “quase não conversava com ninguém”. Valdemar diz que as poucas vezes em que foi ao Alvorada no período teriam sido para dar ‘apoio moral’ ao ainda presidente.
À época noticiamos na Revista Fórum que o ex-presidente golpista passou dias sozinho em suas habitações. Provavelmente chorando ao se dar conta que não conseguiria dar um golpe de Estado.
Valdemar ainda afirmou que nunca concordou com o ex-presidente a respeito de supostas fraudes nas urnas eletrônicas. Disse que já participou de diversos pleitos e nunca presenciou qualquer situação suspeita. Também alegou que orientou seu partido a votar contra projetos que pediam a instituição de voto impresso.