INCITADOR

Freire Gomes coloca Paulo Figueiredo, neto de ditador, como agitador do golpe de Bolsonaro

De acordo com o depoimento do ex-comandante do Exército, o então comentarista da Jovem Pan passou a dirigir ataques e calúnias nas redes após saber que o general não embarcaria na intentona bolsonarista

Freire Gomes e Paulo Figueiredo.Créditos: Reprodução
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Nesta sexta-feira (15) o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, tornou públicos os depoimentos dos ex-comandantes das Forças Armadas que teriam participado, logo após as eleições de 2022, das reuniões que tramaram um golpe de Estado para manter o derrotado Jair Bolsonaro (PL) no poder e impedir a posse de Lula (PT) na virada do ano. Entre os depoimentos está o do general Freire Gomes, que comandava o Exército e alega ter melado os planos golpistas.

O general colocou Paulo Figueiredo, ex-comentarista da Jovem Pan e neto do ditador João Figueiredo, como um agitador do golpe. Segundo Freire Gomes, os bolsonaristas aguardavam um aceno positivo do Exército para colocarem o plano em marcha. No entanto, quando ele teria sinalizado que não participaria acabou frustrando os demais.

Foi nesse momento que, segundo seu relato, ele passou a ser constantemente atacado e caluniado nas redes sociais. Sobre esses ataques, nomeou Figueiredo como uma das personalidades que o atacaram. Mas o neto do ditador não é qualquer internauta.

À época comentarista da Jovem Pan, tinha grande audiência entre os bolsonaristas. Hoje, depois que a emissora passou a responder pelas suspeitas de ter difundido fake news de forma sistemática para favorecer Bolsonaro, ele foi afastado. Sua última aparição foi nos bastidores da entrevista dada por Eduardo Bolsonaro (PL-SP) a Tucker Carlson, um produtor de narrativas e fake news de extrema direita dos EUA e ex-âncora da Fox News.

Confira a seguir o trecho em que Paulo Figueiredo é citado.

"INDAGADO se considera lícito oficiais da ativa das Forças Armadas emitirem manifestação política como a descrita na 'CARTA AO COMANDANTE DO EXÉRCITO DE OFICIAIS SUPERIORES DA ATIVA DO EXÉRCITO BRASILEIRO', respondeu QUE não; QUE não é permitido qualquer manifestação política a oficiais da ativa; QUE havia a preocupação de evitar pronunciamentos políticos dentro da força e ataques pessoais aos integrantes do Alto Comando; QUE tal fato pode ser exemplificado com a divulgação do INFORMEX NR 041 - DE 16 DE NOVEMBRO DE 2022, quando se começou a verificar ataques externos aos comandantes do Exército e integrantes do Alto Comando; QUE esse movimento provavelmente veio de fora; QUE primeiramente tentaram convencer os comandantes a aderirem ao plano de Golpe de Estado; QUE posteriormente, após verificarem que os Comandantes não iriam aceitar qualquer ato atentatório à Democracia, começaram a realizar ataques pessoais, inclusive ao depoente; QUE se recorda que recebeu ataques pessoais e calúnias do economista PAULO FIGUEIREDO por não ter aderido a uma tentativa de Golpe de Estado; QUE ele possivelmente estava atuando no interesse de pessoas que queriam uma ruptura institucional no Brasil, sob o pretexto de 'ações mais contundentes'", diz o trecho do depoimento de Freire Gomes.