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Advogado calcula 14 anos de prisão para Zambelli, oferece ajuda em delação e é bloqueado pela deputada

Roberto Berholdo afirma que oferta para prestar seus serviços de advocacia à parlamentar tem validade de 90 dias

A deputada federal Carla Zambelli.Créditos: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados
Escrito en POLÍTICA el

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) recusou os serviços advocatícios do famoso advogado Roberto Bertholdo, que ofereceu ajuda em uma eventual delação premiada da radical bolsonarista. 

A oferta de Bertholdo foi feita após vir à tona, a partir da quebra dos sigilos dos depoimentos prestados à Polícia Federal (PF), no âmbito do inquérito que apura tentativa de golpe de Estado no Brasil, nesta sexta-feira (15), que Zambelli pressionou o ex-comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), brigadeiro do ar Carlos Almeida Baptista Júnior, a aderir ao plano golpista supostamente liderado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. 

Segundo o advogado, a deputada, após as revelações, deve ser condenada "a uma pena entre 13 anos a 15 anos e 4 meses de prisão". 

"Acho que a única saída para ela se livrar desta grave realidade seria delatar toda a quadrilha golpista", aconselhou Bertholdo através do X (o antigo Twitter), e ainda ofereceu ajudá-la gratuitamente com um eventual acordo de delação premiada.

"Eu, como advogado, por princípio, não faço delação, mas se for para ajudar a esclarecer e provar em definitivo a montagem golpista, ofereço-me para trabalhar para ela desde já e 'pro bono', ou seja; trabalhar de graça. Que tal, Carla Zambelli?"

Confira: 

Logo após a oferta, entretanto, Carla Zambelli bloqueou Roberto Bertholdo na rede social

"Me ofereci, educadamente, para trabalhar de forma gratuita para Carla Zambelli  caso ela venha desejar fazer uma delação premiada e ela me bloqueou. Como não sei muito do X, nem sei o que isso significa. Alguém me explica? Ela brigou comigo ? Apesar desse boqueio - que eu não sei o que é - , se alguém conhecer a Zambelli pode dizer pra ela que a minha oferta continua de pé e avisa pra ela que a gente nunca sabe quando vai precisar de um bom advogado", escreveu o advogado. 

Reação bizarra

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) teve uma reação bizarra à divulgação do depoimento do ex-comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), o brigadeiro do ar Carlos Almeida Baptista Júnior, à Polícia Federal (PF). Nesta sexta-feira (15), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), liberou o acesso ao conteúdo de 27 depoimentos feitos no âmbito do inquérito que apura tentativa de golpe de Estado no Brasil supostamente liderada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. 

Em seu depoimento, Baptista Júnior, que não teria topado aderir ao plano golpista do ex-mandatário, revelou ter sido pressionado por Carla Zambelli a contribuir com o golpe de Estado almejado pelos radicais bolsonaristas. O militar narrou à PF que foi procurado pela parlamentar no dia 8 de dezembro de 2022 durante formatura de aspirantes da FAB em Pirassununga, no interior de São Paulo. 

Dias antes, ele esteve em uma reunião com Bolsonaro juntamente com outros comandantes das Forças Armadas, quando rechaçou que participaria de quaisquer atos contra a democracia.

"Brigadeiro, o senhor não pode deixar o presidente Bolsonaro na mão", disse Carla Zambelli, tentando atrair a atenção do militar.

Baptista Júnior, no entanto, diz que não pensou duas vezes e detonou a tentativa de coação da extremista.

"Deputada, entendi o que a senhora está falando e não admito que a senhora proponha qualquer ilegalidade", fulminou o brigadeiro, reportando a tentativa de achaque ao ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, que também tentaria cooptar o apoio do colega dias depois.

Ao repercutir a divulgação do depoimento de Baptista Júnior, a deputada Carla Zambelli fez uma publicação desconexa na rede X (antigo Twitter), e chega a admitir que é uma parlamentar do "baixo clero". 

"Eu não sabia que Generais de alta patente aceitavam pressão de uma deputada de baixo clero. Nossas Forças Armadas já tiveram comandantes melhores. Triste", escreveu. 

A verdade, entretanto, é que o comandante da FAB não aceitou a pressão de Zambelli. Pelo contrário, conforme mostra trecho de seu depoimento. 

Confira: