No novo depoimento, marcado para as 14h desta segunda-feira (11) na sede da Polícia Federal (PF) em Brasília, o tenente coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, vive um dilema entre confirmar o comando de Jair Bolsonaro (PL) na trama golpista - e, assim, colocar o ex-chefe a caminho da prisão - ou colocar em xeque a própria delação, indo ele próprio de volta para a cadeia.
Aos investigadores, Cid será confrontado com a declaração do ex-comandante do Exército, general Marco Antonio Freire Gomes, de que foi Bolsonaro quem lhe apresentou a minuta golpista. A informação é tida como chave para comprovar que o ex-presidente sabia e comandava a intentona golpista.
Te podría interesar
No entanto, a versão de Freire Gomes contrasta com a primeira narrativa de Mauro Cid, que em sua delação disse que Bolsonaro recebeu a minuta do golpe do ex-assessor, Filipe Martins, mas não levou o documento ao conhecimento de ninguém na cúpula militar.
Em seu depoimento, de mais de 8 horas, Freire Gomes afirmou que além de lhe apresentar a minuta, Bolsonaro teria ordenado mudanças no documento, prevendo a prisão apenas de Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral - na primeira versão, havia previsão para a prisão também de Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal, e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Te podría interesar
Segundo a revista Veja, Cid tem dito ainda a interlocutores que em sua delação não teria implicado diretamente Bolsonaro no golpe.
“Não sou traidor, nunca disse que o presidente tramou um golpe. O que havia eram propostas sobre o que fazer caso se comprovasse a fraude eleitoral, o que não se comprovou e nada foi feito”, teria dito Cid a pessoas próximas, segundo a Veja.
Cid também estaria contestando a versão de que implicou militares da cúpula, principalmente o almirante Almir Garnier, comandante da Marinha, que teria colocado as tropas à disposição do golpe.
No entanto, caso Cid apresente uma nova versão para a própria delação, a Polícia Federal cogita levá-lo de volta à prisão. Para os investigadores, uma mudança de narrativa pode significar que o militar estaria sendo pressionado pela organização criminosa golpista e seria motivo para levá-lo de volta à cadeia.