O general Hamilton Mourão (Republicanos), senador pelo Rio Grande do Sul e ex-presidente durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), usou a tribuna do Senado para comentar a operação da Polícia Federal sobre o seu ex-chefe e acabou fazendo uma verdadeira defesa do golpismo. O general, que ironicamente esteve às ordens de um capitão reformado, praticamente conclamou a militância bolsonarista e os próprios militares das Forças Armadas a se insurgirem contra o Supremo Tribunal Federal.
“Nenhuma suposta ameaça ao Estado Democrático de Direito justifica tal devassa persecutória ao arrepio da lei. Não vivemos na União Soviética, não vivemos na China comunista, não vivemos em regimes totalitários mas estamos caminhando para isso. No caso das Forças Armadas, os seus comandantes não podem se omitir perante a condução arbitrária de processos ilegais que atingem seus integrantes ao largo da Justiça Militar”, afirmou Mourão.
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Ele praticamente chama os altos comandantes das Forças Armadas para a baila. O inflamado discurso do militar da dita “linha dura” ainda teve espaço para comparar Lula a Hitler antes de ser concluído. Parece brincadeira, mas ele realmente falou isso.
“Existem oficiais da ativa sendo atingidos por supostos delitos, inclusive oficiais-generais. Não há o que justifique a omissão da Justiça Militar. Destaco aqui, senhor presidente, nem Hitler ousou isso no começo da sua ascensão ao poder limpando a área naquilo que ficou conhecido como o ‘caso Fritsch’, a demissão do então chefe do Estado Maior do Exército Alemão”.
Ao fim da fala veio a conclamação. Mourão pede que os bolsonaristas estejam mais articulados e incitem a sociedade, por meio de palestras, da imprensa e das mídias digitais, a se revoltarem contra o STF ao lado dos comandantes militares.
“Acredito que temos que estar articulados. E aqui conclamo a todos que por meio de palestras, entrevistas, artigos e postagens nas redes sociais possamos mobilizar a sociedade para que cobre, de maneira pacífica e dentro da lei, esses arbítrios que o STF vem cometendo”, finaliza Mourão.
O general aparentemente se acostumou a falar besteiras impunemente e pensou que suas palavras passariam ilesas pelas instituições e pela opinião pública. Mas aparentemente já está ocorrendo uma reação ao discurso golpista. Por meio das redes sociais, a deputada federal Fernanda Melchionna (Psol) anunciou que está acionando a Procuradoria-Geral da República (PGR) para apurar a conduta do general. Ao lado do colega Ivan Valente (Psol), ela pede a prisão e a cassação do mandato de Mourão.
“Estou acionando a PGR contra o senador Mourão por sua declaração sobre aos fatos de hoje. A fala é quase uma confissão golpista. Ele incita as Forças Armadas a reagir à operação da PF. Mourão precisa responder no Conselho de Ética, civil e criminalmente por fomentar o golpismo”, disse a parlamentar.