Em meio ao avanço das investigações sobre o esquema de arapongagem ilegal montado no Planalto durante o governo Jair Bolsonaro (PL), o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) deu uma explicação absurda sobre documentos de uma operação irregular da Agência Brasileira de Informação (Abin) para favorecer a milícia no Rio de Janeiro.
Documentos com informações da operação foram recolhidos por agentes da Polícia Federal (PF) durante a busca e apreensão na residência de Ramagem na última semana decorrente das investigações sobre a "Abin paralela".
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Deputado, Ramagem é ex-diretor da Abin e pré-candidato do clã Bolsonaro à prefeitura da capital fluminense.
Em junho do ano passado, reportagem de Rodrigo Rangel no portal Metrópoles revelou que Ramagem usou verba secreta da Abin para pagar informantes em comunidades do Rio de Janeiro que são dominadas pelo tráfico, onde as milícias têm interesse em entrar.
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Os dados eram entregues aos órgãos de segurança pública do Rio e serviam para municiar a ação dos PMs nas comunidades. A ação nas comunidades foi registrada internamente na Abin sob o nome “Plano de Operações 06/2021”, segundo o Metrópoles.
Ainda de acordo com a reportagem, ao menos um dos casos envolve a “compra” de informações de fontes de uma área onde as milícias tentam atuar há anos.
Internamente, foi tratada a hipótese de uso eleitoral da operação. O objetivo seria colocar grupos de policiais ligados ao bolsonarismo nas comunidades para agir em favor de candidatos ligados ao ex-presidente.
Pelas redes sociais, Ramagem se pronunciou dizendo que "estão revelando trabalho de inteligência contra tráfico de drogas e milícias no Rio de Janeiro".
"Narrativas não conseguirão negar que havia trabalho contra essas organizações criminosas iniciado e desenvolvido na minha gestão", emendou.
O deputado, no entanto, não explica o motivo de estar de posse dos documentos mais de um ano depois de ter deixado o comando da Abin.
Ramagem também não se pronunciou sobre a ilegalidade da operação.
Segundo o Uol, os documentos encontrados na casa de Ramagem estavam descaracterizados, sem logo ou identificação da Abin, e sem data. A PF vai questionar a agência para verificar de onde veio o documento e quando ele foi produzido.