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Assessora de Carlos acionou Ramagem para ‘ver’ inquérito contra família Bolsonaro

Luciana Almeida, que trabalha no gabinete do filho do ex-presidente na Câmara do Rio, pediu “ajuda” para saber de investigação “contra o PR e três filhos”, mostra PF

Créditos: Câmara Municipal do Rio de Janeiro/Divulgação
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A decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que autorizou a operação da Polícia Federal que cumpriu mandados de busca e apreensão contra o vereador carioca Carlos Bolsonaro (PL), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), na manhã desta segunda-feira (29), revelou que uma assessora do parlamentar, que atua na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, pediu auxílio direto ao ex-diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), o hoje deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), para “ver” um inquérito da PF que investiga “o PR (presidente da República) e três filhos”. O fato teria ocorrido no final de 2022.

“A solicitação de realização de ‘ajuda’ relacionada à Inquérito Policial Federal em andamento em unidades sensíveis da Polícia Federal indica que o NÚCLEO POLÍTICO possivelmente se valia do Del. ALEXANDRE RAMAGEM para obtenção de informações sigilosas e/ou ações ainda não totalmente esclarecidas”, diz o despacho do ministro do STF.

Após uma mensagem enviada em 11 outubro de 2022, parabenizando Ramagem por sua eleição à Câmara dos Deputados, Luciana Almeida retoma contato dias depois com o ex-responsável pelo órgão de arapongagem, e suspeito de operar a criminosa ‘Abin paralela’, solicitando “ajuda” para a tal empreitada ilegal.

“Bom diaaaa. Tudo bem? Estou precisando muito de ajuda”, escreve a assessora, para na sequência enviar o nome completo de uma delegada, Isabela Muniz Ferreira, da Delegacia de Polícia Federal de Inquéritos Especiais, junto com números que seriam de inquéritos que investigam o clã Bolsonaro, assim como o nome do escrivão responsável pelos autos. Ela fala sobre uma investigação “contra o PR e três filhos”. PR é a forma como os bolsonaristas, chegados a um jargão militarizado, chamam o cargo de presidente da República.

Imagem com diálogo entre a assessora de Carlos Bolsonaro e Alexandre Ramagem, extraída do inquérito da PF

O inquérito da PF aponta ainda que Ramagem, em 2020, quando estava à frente da Abin, teria realizado impressões de páginas constantes em inquéritos da PF sobre questões eleitorais de vários políticos do Rio de Janeiro, estado que serve de base eleitoral para a família Bolsonaro.