SÓ PIORA

Abin paralela: Delegado do caso Marielle foi espionado no governo Bolsonaro

Esquema criminoso de arapongagem obteve e imprimiu dados de Daniel Rosa, responsável pelo inquérito. Filho do ex-presidente é suspeito de liderar ações

Créditos: Agência Brasil
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A Controladoria-Geral da União (CGU) conseguiu recuperar arquivos de atividades da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) que revelam que o órgão espionou ilegalmente o delegado Daniel Rosa, da Polícia Civil do Rio de Janeiro, responsável pelas investigações dos casos dos assassinatos da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes. As informações, relacionadas ao escândalo da chamada ‘Abin paralela’, cujo principal suspeito de ser o operador é o filho 02 do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Carlos, são do diário carioca O Globo.

De acordo com o levantamento da CGU, no ano de 2020, o agente federal Marcelo Bormevet, que seria uma espécie de ‘faz-tudo’ do então diretor da Abin, o hoje deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), imprimiu dados relacionados ao policial fluminense que atuava nas investigações do duplo homicídio. O monitoramento do crime de repercussão mundial pela ‘Abin paralela’ ocorreu entre os anos de 2019 e 2021, ocasião em que a promotora que liderava a força-tarefa do caso, Simone Sibilio, também foi monitorada.

Na última semana, foi revelado também que o próprio Ramagem, em 2019, teria feito algumas impressões relacionadas ao caso, após cerca de dois meses da arapongagem contra a promotora do Rio. Pouco tempo depois dessas impressões, o delegado Daniel Rosa seria transferido do posto que ocupava pelo secretário de Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, à época Allan Turnowski.

Esquema criminoso estava “em cima” do caso Marielle Franco

A Operação Vigilância Permanente, desencadeada na manhã de 25 janeiro pela Polícia Federal, que como principal alvo o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), no governo de Jair Bolsonaro (PL), não para de trazer novidades assustadoras. O ministro Alexandre de Moraes, em seu despacho que autorizou a ação, assinalou que a ‘Abin paralela’ montada pelo ex-presidente para espionar críticos de sua gestão também monitorou uma promotora de Justiça que atuou no caso do assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, ocorrido em 2018.

“Ficou patente a instrumentalização da Abin para monitoramento da promotora de Justiça do Rio de Janeiro e coordenadora da força-tarefa sobre os homicídios qualificados perpetrados em desfavor da vereadora Marielle Franco e o motorista que lhe acompanhava, Anderson Gomes”, diz o trecho da decisão.