O empresário Luciano Hang, o "Véio da Havan", perdeu mais um processo judicial decorrente da sua bajulação ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Desta vez, Hang foi derrotado pelos advogados da CBN, rede de emissoras de rádio que pertence às Organizações Globo, da família Marinho.
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O processo foi movido pelo próprio empresário - que já perdeu uma ação nesta semana contra um jornalista de Santa Catarina. Os advogados contestaram uma reportagem da CBN de 29 de maio de 2018 que dizia que o Véio da Havan era "defensor da privatização da Petrobras e da intervenção militar".
Advogados de Hang entraram com processo alegando que "o autor [do processo] não concorda com atos antidemocráticos", dizendo que "a informação veiculada é falsa".
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No entanto, os advogados das organizações Globo resgataram uma publicação do empresário nas redes em 2017, sobre uma palestra em que o hoje senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) se coloca como general da reserva e defende que os militares "imponham" uma decisão para o "problema político".
"Na minha visão, que coincide com a dos meus companheiros dos altos comandos do Exército, (...) ou as instituições solucionam o problema político, retirando da vida pública esses elementos envolvidos em todos os ilícitos, ou, então, nós teremos que impor isso. Os poderes terão que buscar uma solução, se não conseguirem, chegará a hora que nós teremos que impor uma solução. E essa solução não será fácil, ela tratará problemas, podem ter certeza disso", escreveu o hoje senador, que propôs um projeto de anistia aos golpistas.
Ao divulgar o vídeo, Hang afirmou que Mourão falou "o que o povo quer escutar: ordem e progresso com o Exército do nosso lado".
"Eu apoio o general Mourão (...) o general não tem que pedir desculpas (...) faz muito tempo que a população queria ouvir isto (...) o povo está do seu lado. Continue assim, falando aquilo que é certo (...) tem que falar o que o povo quer escutar: ordem e progresso com o Exército do nosso lado", escreveu o empresário.
Relator da ação no Tribunal de Justiça de São Paulo, o desembargador Marcos Rios Gonçalves, afirmou que a publicação mostra que Hang poderia aderir a uma possível intervenção militar, como disse a CBN.
"Ao publicar a matéria, a CBN se limitou a informar fato de interesse público, já que o autor [do processo] havia publicado manifestação de apoio a um discurso que fora amplamente interpretado como ameaça de intervenção militar", afirmou.
À decisão não cabe mais recurso e Hang terá que pagar R$ 18 mil aos advogados Luiz Aranha Neto e Luís Fernando Ellio, que representam a CBN.