Conteúdos antidemocráticos e notícias falsas foram fartamente compartilhados no grupo Empresários & Política, encaminhados pelos empresários Meyer Nigri e Luciano Hang, investigados pela PF, e Nelson Piquet e Emilio Dalçoquio, que não são alvo de inquéritos.
Mensagens de Nigri com a assinatura “Presidente Jair Bolsonaro” conseguidas pela coluna de Guilherme Amado, do Metrópoles, insinuam, sem provas, que haveria fraudes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no pleito de 2022. Os textos ainda trazem ataques ao sistema democrático e ao ministro Alexandre de Moraes.
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O inquérito da Polícia Federal (PF) aponta que o empresário atendeu a um pedido de Bolsonaro ao compartilhar um texto com ataques ao ministro Luís Roberto Barroso, como mostrou a repórter Daniela Lima. “Repasse ao máximo”, solicitou o então presidente.
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Várias mensagens
Meyer Nigri repassou mensagem assinada por Bolsonaro que tratava de uma ação que o então presidente havia ajuizado contra Alexandre de Moraes por suposto abuso de autoridade. “Levando-se em conta seus sucessivos ataques à democracia, desrespeito à Constituição e desprezo por direitos [e] garantias fundamentais”, dizia a nota, que foi divulgada no dia 17 de maio de 2022, pelo então presidente.
O presidente do conservador Instituto Lux e apontado pela Polícia Rodoviária Federal como líder de bloqueios ilegais de rodovias, o empresário Emilio Dalçoquio, também encaminhou esta mensagem ao grupo, com a mesma assinatura.
Bolsonaro enviou em junho, em sua lista de transmissão, um vídeo dizendo “Você está pronto para a guerra? Em poucos minutos, entenda o perigo em que se encontra o nosso Brasil. Peço assistir e repassar”.
Esta mensagem foi encaminhada no grupo de empresários por Nigri; Luciano Hang, dono das lojas Havan; e o ex-piloto Nelson Piquet, dono da Autotrac, que trabalha com dados de comunicação. O vídeo é um discurso de Bolsonaro, em cerimônia pública, falando sobre a tentativa de desarmar a população.
Nigri enviou, do dia 11 de junho de 2022, um arquivo de mídia ao grupo. Perguntou sobre quem se tratava a postagem, e Nigri retornou: “Não sei. Recebi do PR [presidente da República]. Perguntei quem é, mas ainda não respondeu”.
Às 9h11 do dia 26 de junho, Nigri envia aos empresários o texto que havia recebido de Bolsonaro, segundo a apuração da PF. Na mensagem, o então presidente acusava Barroso de interferir na eleição e afirmava que “todo esse desserviço à democracia dos 3 ministros do TSE/STF faz somente aumentar a desconfiança de fraudes preparadas por ocasião das eleições”.
Nenhum dos envolvidos se manifestou à coluna.