BOLSONARISMO

Desprezado por Bolsonaro, Queiroz posa com sósia em ato na Paulista

Pivô das rachadinhas foi preterido pelo clã Bolsonaro após vazamentos de áudio em que ameaça os ex-patrões dizendo: "Eu não sou otário, pô, eu sei de tudo, entendeu?”

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Ele já foi um dos principais "funcionários" do clã Bolsonaro, quando ficou responsável pela coleta das "rachadinhas" no esquema de corrupção montado por Flávio Bolsonaro (PL-RJ) no gabinete da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, segundo investigações do Ministério Público, arquivadas após manobra jurídica do hoje senador.

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Vivendo à sombra dos ex-patrões, Fabrício Queiroz busca um lugar ao sol na política mesmo diante do desprezo que agora sofre do "amigo de décadas".

Filiado ao PRTB e pré-candidato a vereador no Rio de Janeiro, Queiroz esteve no ato organizado por Silas Malafaia em São Paulo neste domingo (25).

No entanto, teve que se contentar com uma sósia com o sósia de Jair Bolsonaro (PL), que barrou antigos aliados no trio onde discursou.

Sorridente, o pivô das rachadinhas publicou uma série de fotos da avenida Paulista ao lado dos "fãs".   

"A missão é uma só! Fora da liberdade não há salvação. Avenida Paulista vai ficar pequena hoje", escreveu Queiroz na primeira publicação, com amigos em uma parada do ônibus que os levou do Rio até São Paulo.

"Eu vou pro pau mesmo"

Em áudios enviados a Alexandre Santini, vazados ao portal Metrópoles em novembro do ano passado, Queiroz revela toda sua mágoa com o clã Bolsonaro e chega a ameaçar os ex-patrões dizendo: "Eu não sou otário, pô, eu sei de tudo, entendeu?”

Em uma das mensagens, o pivô das rachadinhas manda Santini lhe fornecer um "empréstimo" e colocar na conta do senador.

“Eu tô precisando de uma grana emprestada aí e depois eu vejo com o amigo lá pra te pagar aí, cara”, afirmou, tratando Flávio como "amigo".

Em seguida, ele fala da derrota eleitoral para Lula, que teria colocado Bolsonaro em uma "sinuca de bico".

“Eu sei que eles (os Bolsonaro) estão numa sinuca de bico do c. Acho que eles queriam tudo na vida, menos esses problemas que estão enfrentando com esse bandido aí voltando ao poder”.

Sentindo-se desprestigiado pelos Bolsonaro, Queiroz ainda faz uma ameaça explícita ao falar de uma conversa em que sua mulher havia procurado Victor Granado, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, para pedir dinheiro para pagar a faculdade da filha Evelyn Mayara.

“Acumula, fica seis meses, ela liga, se não (pagar) ela não pode renovar a matrícula. Eles (referindo-se aos filhos de Jair Bolsonaro) fizeram faculdade, eles são tudo (formados em) faculdade particular, eles sabem como é que funciona isso”, reclama.

Em seguida, Queiroz diz que a esposa de Granado "tá lá pendurada no gabinete ganhando 20 mil", sobre o cargo comissionado a Mariana Frassetto Granado, que atua como assessora do senador desde 2019, com salário de mais de R$ 20 mil, e de um "contrato milionário" com uma advogada do filho de Bolsonaro.

“A mulher do Victor tá lá pendurada no gabinete ganhando 20 mil, o Victor tá com um contrato milionário com a Luciana… Eu não sou otário, pô, eu sei de tudo, entendeu?”, indaga.

Em seguida, Queiroz mostra ter informações que pode usar contra o clã Bolsonaro, caso as demandas financeiras dele não sejam atendidas.

“Eu quero falar isso com o amigo (Flávio), frente a frente. Porque, se for verdade, eu vou pro pau mesmo. Foda-se, eu sou homem pra caralho”.

Veja

Um mês depois, em entrevista à Veja, Queiroz abaixou o tom e se mostrou ressentido pela falta de apoio - e do voto de Bolsonaro - na sua candidatura a deputado estadual no ano passado, quando obteve 6.701 votos.

“O Jair não votou em mim no ano passado. Devia ter outros candidatos melhores do que eu", disse, resignado, para em seguida emendar uma alfinetada.

“Ele mesmo (Bolsonaro) sempre me falava isso: ‘No dia em que eu deixar de ser eleito é porque apareceu outro melhor’. Então Lula é melhor do que ele, porque foi eleito”, seguiu.