Os áudios de Fabrício Queiroz, o pivô das rachadinhas, divulgados nesta quinta-feira (23) por Rodrigo Rangel do portal Metrópoles, com ameaças a clã Bolsonaro tem origem em fogo-amigo - ou de ex-amigos - que Jair Bolsonaro (PL) e os filhos têm sido alvos desde que o ex-presidente deixou o poder.
As mensagens foram enviadas por Queiroz a Alexandre Santini, ex-sócio de Flávio Bolsonaro (PL-RJ) na Bolsotini, empresa que administra a franquia da loja de chocolates Koppenhagen em um shopping do Rio.
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Santini, que seria o interlocutor de Queiroz com os ex-patrões, ameaçou Flávio em entrevista divulgada em 9 de novembro pelo mesmo Rodrigo Rangel, do Metrópoles - que divulgou os áudios de Queiroz.
O empresário, que já foi sócio do ex-técnico da seleção brasileira, Carlos Alberto Parreira, em uma empresa de importação, cobra R$ 1,4 milhão do filho "01" de Bolsonaro após ter atuado como "laranja de luxo", segundo o Ministério Público, na franquia de chocolates.
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“Se eu quiser, eu ponho o Flávio na cadeia. Com o que eu tenho na mão, ele vai preso. Sei tudo da vida dele”, afirmou Santini.
Ao que tudo indica, mesmo sem saída, Flávio Bolsonaro teria optado por não fazer o acordo com o ex-sócio que, possivelmente, vazou as conversas com Queiroz como forma de ameaça.
"Migalhas"
Em um dos quatro áudios divulgados, Queiroz reclama a Santini da "fogueira que estou pulando", sobre a situação financeira, e reclada da falta de apoio após ter ficado "hiperconhecido", referindo-se ao esquema de corrupção das rachadinhas.
"Não adiantar dar dinheiro. Dinheiro não resolve, entendeu, Santini? Tem que dar é moral, uma posição para trabalhar, para encaixar meus filhos", reclama Queiroz, que teve esposa e filhos empregados em gabinetes do clã.
Na sequência, o pivô das rachadinhas dá a entender que ainda recebe dinheiro da família Bolsonaro, mas que as "migalhas" não dariam para pagar as contas.
A mensagem foi enviada no final de 2022, quando Lula já havia vencido a eleição e Santini já teria rompido com Flávio. No entanto, Queiroz não estaria ciente do rompimento, embora tenha sido ignorado em outras mensagens.
“Não sei nem se eu posso te chamar de meu amigo, porque uma vez que eu liguei pra você, e você disse que não podia mais falar comigo e desligou o telefone na minha cara”, afirmou.
Em seguida, ele diz passar por uma "dificuldade muito grande" e que está precisando de dinheiro pois o "Natal [está] chegando aqui".
“Não é com migalhas que me dão aí de vez em quando que resolve a minha vida, não, cara”, se queixa.
"Informação é o que mais tenho"
Em outro áudio, Queiroz afirma que dois dos filhos - Felipe e a personal trainer Nathália, que já atuou como funcionária fantasma de Jair Bolsonaro - chegaram a ganhar cargos em fundações ligadas ao governo do Rio por indicação de Flávio Bolsonaro, mas acabaram sendo demitidos um mês depois após o estouro de escândalo de corrupção.
Os cargos para os filhos teriam sido obtidos por meio do ex-árbitro de futebol Gutemberg Fonseca, nomeado secretário de Esportes do governo de Cláudio Castro (PL) por indicação de Flávio.
Queiroz ainda cita o nome do advogado João Pedro do Nascimento, homem de confiança de Flávio que se tornou presidente da Comissão de Valores Mobiliários, a CVM, durante o governo Bolsonaro.
“Esse filho da p. desse Gutemberg Fonseca, isso é um vagabundo esse Gutemberg Fonseca. Eu sei das tretas dele todas, cara. Sei que… Sei das tretas dele todas junto com o João Pedro… Eu não sou de bobeira, entendeu? Você sabe que informação é o que eu mais tenho”, disse, Queiroz em tom de ameaça.