FOGO NO PARQUINHO

Malafaia e Wajngarten se trombam por convite a embaixador de Israel para o ato de Bolsonaro

Advogado de Bolsonaro convidou Daniel Zonshine para o evento bancado por Malafaia, que rechaçou o convite e disse que somente ele e Bolsonaro cuidariam da lista de presença.

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Youtube / Alan Santos PR

A tentativa de bolsonaristas de usar a declaração de Lula sobre o genocídio promovido pelo governo sionista em Gaza para angariar apoio ao ato político de Jair Bolsonaro (PL) marcado para o próximo domingo (20) tem causado cizânia até mesmo entre organizadores do evento.

Financiador do ato, o pastor Silas Malafaia se colocou contra a decisão de Fabio Wajngarten, advogado do ex-presidente, de convidar o embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, para o evento na Paulista.

Zonshine foi convidado por Wajngarten sem a autorização do pastor, que está pagando "do próprio bolso" o ato, em meio à crise diplomática entre Brasil e Israel.

O embaixador do governo sionista foi chamado pelo chanceler Mauro Vieira para dar explicações após a reprimenda pública de Israel a Frederico Méyer, diplomata brasileiro que foi chamado de volta ao país por Lula.

"Vou sugerir ao Pastor Malafaia e ao Presidente Jair Bolsonaro que convidem o Embaixador de Israel para nosso ato na Paulista no próximo dia 25/2 em São Paulo. Certamente será muito bem recebido e acolhido", afirmou Wajngarten nas redes antes do convite.

No entanto, Malafaia não recebeu bem a proposta e rechaçou o convite em declaração à Folha.

O pastor ainda enfatizou que "somente ele e o ex-presidente cuidariam da lista de presença".

Evangélicos

Em novembro passado, após o início do levante sionista em Gaza, em reação ao ataque do Hamas, Daniel Zonshine esteve com Bolsonaro em ato com deputados da ultradireita no Congresso Nacional.

Pastores midiáticos e figuras "terrivelmente evangélicas" tentam associar a crítica de Lula a Israel a um ataque a evangélicos e, assim, convocar os fiéis para participação no ato político.

Em culto na manhã deste domingo (18), após a fala de Lula, na Igreja Presbiteriana de Pinheiros, zona nobre da capital paulista, André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), atacou a posição brasileira.

Indicado por Bolsonaro, o ministro lembrou da viagem recente que fez a Israel a convite do lobby sionista e da conversa que teria tido com Meyer.

"Nós tivemos, primeiro ou segundo dia que chegamos em Israel um almoço com um embaixador brasileiro lá em Israel. Eu fiz uma colocação: 'Embaixador, a nossa diplomacia é marcada por uma busca de equilíbrio e imparcialidade. O senhor não acha que talvez se nós caminharmos mais nesse sentido, em vez de endossarmos uma petição da África do Sul acusando de Israel de genocídio, seria um melhor caminho para nós sermos um agente de paz?' Ele me respondeu, 'o mundo de hoje não há espaço para o cinza. Ou é preto ou é branco, e o país tomou a sua posição'", contou.

Em seguida, Mendonça, que tem feito publicações em apoio ao genocídio promovido por Israel, disse que divergiu do embaixador brasileiro.

"Em resposta, eu tomei minha posição. Eu defendo a devolução de todos os sequestrados. E acho que o erro maior é apoiar um grupo terrorista que mata crianças, jovens e idosos gratuitamente. Eu e você, como cristãos, somos chamados a tomar posição em tudo na vida", disse, sem mencionar os mais de 30 mil palestinos mortos pelo exército sionista, a maioria crianças e mulheres.

Até mesmo o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, pivô do golpe contra Dilma Rousseff, foi às redes encampar a narrativa da ultradireita fascista.

"Depois não entendem porque tem a alta rejeição dos evangélicos. Atacar Israel não significa somente atacar aos judeus, mas também a todos os evangélicos", escreveu.