A deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, ridicularizou um pedido de impeachment contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva que vem sendo articulado pela oposição ao governo no Congresso Nacional.
A proposta do pedido de impeachment foi apresentada pela deputada bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP), que aponta suposto "crime de responsabilidade" do presidente por conta da declaração em que comparou o massacre promovido por Israel na Faixa de Gaza ao genocídio encampado pelo regime nazista de Adolf Hitler contra o povo judeu.
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Não há qualquer fundamentação jurídica para um impeachment de Lula, sendo que o pleito pela abertura de um processo de impedimento, por parte dos bolsonaristas, se dá exclusivamente por uma questão política.
Ao comentar o assunto nesta segunda-feira (19), Gleisi Hoffmann classificou a proposta da oposição como "piada", centrando críticas à Carla Zambelli, que é ré no Supremo Tribunal Federal (STF) por ter perseguido um homem negro pelas ruas de São Paulo (SP), com arma em punho, na véspera do segundo turno das eleições de 2022.
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"Golpistas querendo impeachment de Lula só pode ser piada. É só ver quem tá liderando a turma, a pistoleira Carla Zambelli, propagadora de fake news, ré no STF e investigada por ataques ao Judiciário, que virou pessoa tóxica até entre os bolsonaristas", escreveu Gleisi em sua conta no "X", antigo Twitter.
"Melhor se cuidarem porque aqui golpistas não se criam mais, temos leis e instituições atentas", prosseguiu a deputada petista.
Carla Zambelli, por sua vez, não gostou e decidiu reagir comentando na publicação de Gleisi Hoffmann: "Antes pistoleira de fato do que amante (de fato?) na lista da Odebrecht. Mas fico feliz que o pedido esteja te incomodando, foi assim que começou o impeachment da Dilma que eu também ajudei a encabeçar e assinei, em 2015. A tóxica aqui já conta o apoio de 89 bolsonaristas Kkkk".
Confira:
Nenhum líder mundial - para além de Israel - condenou fala de Lula
A corajosa declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que comparou o atual massacre em curso pelas forças militares de Israel na Faixa de Gaza ao genocídio perpetrado contra o povo judeu pelo regime nazista de Adolf Hitler, continua gerando intensos debates.
O pronunciamento ocorreu durante a Cúpula da União Africana, na Etiópia, no último domingo (18). Lula afirmou:
"O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não tem precedentes na história. Na verdade, tem. Quando Hitler decidiu exterminar os judeus".
A maioria das críticas à declaração do presidente brasileiro vem, naturalmente, do governo de Israel, incluindo o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, parte da mídia nacional e da oposição ao governo Lula no Congresso.
Netanyahu classificou a declaração de Lula como "vergonhosa", afirmou que o presidente "ultrapassou uma linha vermelha" e repreendeu publicamente o embaixador brasileiro em Tel Aviv. Em resposta, Lula agiu com firmeza, chamando o embaixador brasileiro em Israel de volta ao Brasil "para consultas" e convocando o embaixador israelense "para esclarecimentos".
Antes da escalada diplomática entre Brasil e Israel, Netanyahu e o presidente do país, Isaac Herzog, instaram líderes mundiais a rejeitar a comparação feita por Lula entre o genocídio em Gaza e o Holocausto. No entanto, esse apelo não obteve resposta até o momento.
Apesar das críticas da mídia brasileira, das entidades judaicas, da oposição no Congresso Nacional e do governo israelense, nenhum líder mundial de relevância, chefe de Estado ou presidente, para além de Israel, se pronunciou ou repudiou a fala de Lula.
Pelo contrário. As reações de líderes globais nesta segunda-feira (19) em relação às ações de Israel em Gaza parecem apoiar indiretamente a declaração do presidente brasileiro. O chefe de política externa da União Europeia, Josep Borrell, por exemplo, afirmou que 26 dos 27 países do bloco pedem "uma pausa humanitária imediata que leve a um cessar-fogo sustentável" em Gaza.
Países como Canadá, Nova Zelândia e Austrália assinaram uma declaração conjunta na quinta-feira passada (15), pedindo um cessar-fogo imediato na região e se posicionando firmemente contra a política militar de longa data liderada por Benjamin Netanyahu.
O comunicado destaca: "Aproximadamente 1,5 milhão de palestinos estão refugiados na região, incluindo muitos de nossos cidadãos e suas famílias. Uma operação militar ampla seria devastadora. Exortamos o governo israelense a não seguir por esse caminho. Simplesmente não há para onde os civis possam fugir".
Um dia antes, Espanha e Irlanda solicitaram à Comissão Europeia uma investigação "urgente" sobre se Israel está respeitando os direitos humanos em Gaza, conforme anunciado pelo primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez.