A corajosa declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que comparou o atual massacre em curso pelas forças militares de Israel na Faixa de Gaza ao genocídio perpetrado contra o povo judeu pelo regime nazista de Adolf Hitler, continua gerando intensos debates.
O pronunciamento ocorreu durante a Cúpula da União Africana, na Etiópia, no último domingo (18). Lula afirmou:
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"O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não tem precedentes na história. Na verdade, tem. Quando Hitler decidiu exterminar os judeus".
A maioria das críticas à declaração do presidente brasileiro vem, naturalmente, do governo de Israel, incluindo o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, parte da mídia nacional e da oposição ao governo Lula no Congresso.
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Netanyahu classificou a declaração de Lula como "vergonhosa", afirmou que o presidente "ultrapassou uma linha vermelha" e repreendeu publicamente o embaixador brasileiro em Tel Aviv. Em resposta, Lula agiu com firmeza, chamando o embaixador brasileiro em Israel de volta ao Brasil "para consultas" e convocando o embaixador israelense "para esclarecimentos".
Antes da escalada diplomática entre Brasil e Israel, Netanyahu e o presidente do país, Isaac Herzog, instaram líderes mundiais a rejeitar a comparação feita por Lula entre o genocídio em Gaza e o Holocausto. No entanto, esse apelo não obteve resposta até o momento.
Apesar das críticas da mídia brasileira, das entidades judaicas, da oposição no Congresso Nacional e do governo israelense, nenhum líder mundial de relevância, chefe de Estado ou presidente, para além de Israel, se pronunciou ou repudiou a fala de Lula.
Pelo contrário. As reações de líderes globais nesta segunda-feira (19) em relação às ações de Israel em Gaza parecem apoiar indiretamente a declaração do presidente brasileiro. O chefe de política externa da União Europeia, Josep Borrell, por exemplo, afirmou que 26 dos 27 países do bloco pedem "uma pausa humanitária imediata que leve a um cessar-fogo sustentável" em Gaza.
Países como Canadá, Nova Zelândia e Austrália assinaram uma declaração conjunta na quinta-feira passada (15), pedindo um cessar-fogo imediato na região e se posicionando firmemente contra a política militar de longa data liderada por Benjamin Netanyahu.
O comunicado destaca: "Aproximadamente 1,5 milhão de palestinos estão refugiados na região, incluindo muitos de nossos cidadãos e suas famílias. Uma operação militar ampla seria devastadora. Exortamos o governo israelense a não seguir por esse caminho. Simplesmente não há para onde os civis possam fugir".
Um dia antes, Espanha e Irlanda solicitaram à Comissão Europeia uma investigação "urgente" sobre se Israel está respeitando os direitos humanos em Gaza, conforme anunciado pelo primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez.
Repercussão na mídia internacional
As declarações de Lula na última reunião da União Africana comparando o genocídio israelense contra os palestinos com o Holocausto definitivamente causaram desconforto entre os sionistas.
A repercussão da fala, contudo, foi gigantesca. Praticamente todos os jornais do planeta noticiaram o discurso do presidente e a reação de Benjamin Netanyahu ao caso.
New York Times, Washington Post, Reuters, AP, France Presse, CNN, El País, Euronews, Le Monde, Le Figaro, Spiegel, Bild e tantos outros jornais repercutiram a fala do presidente brasileiro na Europa e nos EUA.
Em Israel, Haaretz, Times of Israel e outros veículos também deram destaque negativo. O próprio Haaretz, de esquerda, preferiu dar destaque à dura resposta de Netanyahu - inimigo político do periódico - do que ao argumento de Lula.
Porém, no mundo africano, asiático e sul-americano, a fala de Lula ganhou repercussão favorável de boa parte do público. Nos EUA, parte do movimento progressista incomodada com a postura de Biden e até de Bernie Sanders com a questão, também elogiou Lula.
A fala teve repercussão em veículos como al-Jazeera, al-Arabiya, enormes do mundo árabe, no Dawn, um dos principais jornais digitais do Paquistão, e no iNews, um grande portal de notícias do maior país islâmico do mundo, a Indonésia.
Nas redes sociais, porém, é onde vemos o carinho da população com o presidente Lula. Enquanto é massacrado pelos israelenses e pelos sionistas brasileiros, Lula ganha o carinho de povos de todo o planeta. “Deus abençoe sua geração. Você é realmente um homem e um líder”, afirma comentário na al-Jazeera.
“Respeito enorme a este homem. Obrigado por defender a Humanidade. Viva o Brasil!. Se o mundo tiver um prêmio de humanidade, então o presidente Lula não terá concorrência porque ganhou esse prêmio”, em comentários vindos do Paquistão. “Um grande apreço por esse homem corajoso”, em postagens sobre o tema nos países africanos.
"No ano passado, Bernie Sanders me decepcionou porque não pediu um cessar-fogo em Gaza, mas Lula substituiu o bom velhinho esquerdista em meu coração", tuitou uma conta estadunidense em espanhol.