Em entrevista à Record nesta sexta-feira (9), o ex-presidente da República investigado por tentativa de golpe de estado Jair Bolsonaro afirmou que a operação de inteligência e o uso da Abin para se infiltrar no processo eleitoral de 2022 foi uma ideia do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o general da reserva Augusto Heleno.
Durante a fatídica reunião de ministérios vazada em que Bolsonaro e seus comparsas planejaram e aventaram uma tentativa de golpe de estado, Heleno confessou que estava em contato com o diretor da Abin para se infiltrar e utilizar a agência de inteligência com fins eleitorais.
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"Dois pontos para tocar aqui, presidente. Primeiro, o problema da inteligência. Eu já conversei ontem com o Victor [Felismino Carneiro], novo diretor da Abin, nós vamos montar um esquema para acompanhar o que os dois lados vão fazer", dispara Heleno na reunião.
"O problema todo disso é se vazar qualquer coisa. Muita gente se conhece nesse meio. Se houver qualquer acusação de infiltração desse elemento da Abin em qualquer um dos lados...", continuou o militar.
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Bolsonaro se justificou afirmando que isso era ideia do general. "Agora, em dado momento, o Heleno falou que ia seguir os dois lados, se inteirar dos dois lados. É o trabalho da inteligência dele, que eu não tinha participação nenhuma. As inteligências, eu raramente usava as inteligências que nós temos, das Forças Armadas, a própria Abin, a Polícia Federal, e eu não vejo nada de mais naquilo", disse ao Jornal da Record.
"O Heleno queria se estender sobre o assunto e eu falei que era cortar, olha, não é o caso de ficar entrando em detalhes, aqui vai fazer uma operação, faça", continuou o presidente.
Na prática, Bolsonaro jogou o militar para fora de seu barco e tentou transparecer que o general estava agindo por conta própria e não em favor do golpe de estado que o beneficiaria.
Confira o vídeo: