Em 14 de fevereiro de 1994, o então presidente do Brasil, Itamar Franco (1930-2011), brincava o carnaval no Rio de Janeiro (RJ). Na ocasião, ele foi fotografado ao lado da modelo Lilian Ramos, sem calcinha e com uma mini saia, em um camarote na Marquês de Sapucaí.
Além da indiscrição do mandatário da República de ter sido flagrado na cena controversa, chama a atenção, 30 anos depois, a presença de Valdemar da Costa Neto nesse enredo carnavalesco.
Te podría interesar
O atual presidente nacional do Partido Liberal (PL) está neste momento preso preventivamente por porte de arma sem autorização e pepita de ouro ilegal. Costa Neto está mergulhado em um dos mais graves fatos políticos brasileiros, a tentativa de golpe de Estado arquitetada pelo grupo de Jair Bolsonaro, filiado ao PL.
Há três décadas, segundo relatos publicados pela imprensa da época, Lilian acabara de desfilar como destaque da escola Grande Rio e foi levada por Costa Neto, então deputado federal pelo PL-SP, para conhecer o presidente Itamar Franco.
Te podría interesar
Entre conversas íntimas e gestos de afeto, como entrelaçar dedos e abraços, a relação entre o então presidente e a modelo se tornou o foco de especulações.
A interação ganhou um novo patamar quando, ao dançar, Lilian atendeu aos pedidos dos fotógrafos, levantando os braços e revelando que não usava calcinha. Uma das lentes era a do fotógrafo Marcelo Carnaval, de O Globo, que flagrou a indiscrição que foi parar na capa do diário carioca.
O momento de descontração de Itamar e de indiscrição de Lilian se transformou em uma dor de cabeça para o Planalto com a publicação da foto com a modelo sem calcinha nas capas dos principais jornais brasileiros e ficou conhecida como "Crise da Calcinha".
O episódio desencadeou um debate nacional sobre a conduta e a imagem da presidência, com críticos argumentando que o episódio era "incompatível com a dignidade, a honra e o decoro do cargo".
O incidente chegou a ser considerado um potencial gatilho para um processo de impeachment, especialmente levando em conta que Itamar Franco havia assumido a presidência após a renúncia de Fernando Collor, em um contexto já sensível para a política brasileira.
Lilian Ramos mora na Itália
A modelo Lilian Ramos se mudou do Brasil para a Itália há mais de 20 anos. A repercussão negativa da "Crise da Calcinha" afetou tanto a imagem de Itamar quanto a da modelo.
Em 2016, ela relatou ao programa do Gugu Liberato que sua partida foi motivada pelo medo e pela injustiça de ser julgada por algo que considerava insignificante.
Costa Neto "pivô involuntário" da crise da calcinha
Diante da repercussão da "Crise da Calcinha", em 1994, Costa Neto, "pivô involuntário" do escândalo, refutou rumores misóginos de que Lilian fosse garota de programa e defendeu que o interesse da modelo era apenas conhecer o presidente da República.
Após o escândalo, Lilian chegou a cogitar a possibilidade de se candidatar a deputada federal pelo PL, ideia que Costa Neto apoiava. Ele chegou a prever uma expressiva votação para ela.
No ano seguinte, em 1995, ao ser questionado sobre retornar ao Carnaval do Rio, Costa Neto foi categórico ao dizer que "nunca mais" participaria.
Hoje, ele está preso sem data para ser libertado por porte de arma sem autorização e de uma pepita de ouro ilegal além de envolvimento com a arquitetura de um golpe de Estado. Deve sentir saudades de crises como as da calcinha.