Deputados da base aliada têm demonstrado crescente insatisfação com o tratamento recebido do governo, o que pode comprometer a articulação política e a tramitação de pautas prioritárias no Congresso. Um vice-líder do MDB relatou frustração com a ausência de reciprocidade do Executivo em relação à sua atuação em comissões e anunciou que não irá mais priorizar esforços em prol do governo.
Esse sentimento, porém, não se limita a um único parlamentar. Deputados de partidos como PSD, União Brasil e Podemos compartilham dessa mesma percepção. Enquanto a bancada petista segue alinhada de forma praticamente automática ao governo, outras legendas exigem uma relação mais equilibrada, onde suas demandas sejam devidamente atendidas.
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Apesar de não tratarem do assunto publicamente, os deputados não hesitam em expor suas insatisfações durante reuniões internas ou conversas informais com membros da bancada petista e assessores do governo. O tom dessas interações sugere uma tentativa de enviar recados claros ao Executivo sobre a necessidade de mudanças na condução da articulação política. Esses posicionamentos reforçam o clima de desgaste e indicam que o diálogo interno está se tornando cada vez mais marcado por cobranças e tensões.
Na Câmara, a avaliação é que a articulação política do governo tem dado atenção preferencial às suas bases mais próximas, deixando outros aliados à margem. Rafael Brito, deputado conhecido por sua atuação na educação, é citado como um dos nomes descontentes, embora ainda não tenha externado isso publicamente. Seu desgaste estaria relacionado à falta de avanços concretos em demandas de sua área de atuação, o que é visto como um reflexo da atual gestão das relações com a base. Procurado pela coluna, a assessoria do deputado nega qualquer insatisfação com o governo.
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A situação atual é interpretada como um risco estratégico. A insatisfação de partidos como PSD, União Brasil e MDB, que são fundamentais para a governabilidade, pode resultar em dificuldades nas próximas votações. Parlamentares têm afirmado que, sem mudanças, a falta de contrapartidas do governo pode levar a um afastamento maior da base, deixando o Executivo em uma posição vulnerável.
A postura recorrente de priorizar aliados mais fiéis sobre os mais independentes é apontada como um dos fatores que ampliam essa tensão. No Centrão, movimentos de insatisfação podem rapidamente se traduzir em demandas concretas ou até mesmo em entraves políticos significativos. A capacidade do governo de corrigir esses problemas e reconquistar a confiança de aliados será decisiva para assegurar a aprovação de suas pautas. Caso contrário, o risco de paralisia legislativa aumenta à medida que as insatisfações ganham corpo.