De acordo com uma pesquisa do Projeto Brief e Swayable, iniciativa da organização Quid que estuda a influência da comunicação pública e política nas redes, 70% dos brasileiros são a favor da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) pelo fim da escala 6x1. O estudo, conduzido entre os dias 22 e 26 de novembro, ouviu 3.122 pessoas de todo o país sobre a proposta, que repercutiu nas redes sociais em novembro e está na pauta da Câmara dos Deputados.
Focando em temas como qualidade de vida, descanso e lazer, o movimento Vida Além do Trabalho (VAT) não só elegeu Rick Azevedo (PSOL-RJ) para a câmara municipal, mas também conseguiu reunir apoio suficiente para que uma PEC sobre um assunto que revê direitos trabalhistas e começasse a tramitar no Congresso.
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O fato novo na história é que, há tempos, não se via uma mobilização tão ampla, com apoio de pessoas de diferentes espectros políticos em torno de uma única pauta, o que revela o potencial dessa bandeira para redefinir as prioridades no debate público. Para o campo progressista, essa é uma chance de reconectar os sonhos coletivos com a agenda política e promover lutas históricas por direitos.
O estudo mostra o apoio de 81,3% entre os que se dizem de esquerda e 59,4% entre os que se dizem de direita. O apoio à causa aumentou quando os responsáveis pela pesquisa apresentaram mensagens com argumentos favoráveis. O apoio subiu para 91,3% entre os que se identificam com a esquerda e 71,5% entre os da direita, sugerindo que os entrevistados consideram o aspecto humanitário mais relevante.
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A defesa da causa é de 7% a 10% maior entre as mulheres do que entre os homens, com 86% de apoio entre elas e 76% entre eles. Essa análise sugere como a pauta ressoa com as necessidades das mulheres, ligadas à sobrecarga de trabalho e à busca por conciliar a vida profissional, os cuidados domésticos e com os filhos.
A proposta de acabar com a escala 6x1 é conhecida por 89% dos entrevistados. “Quem vive a escala 6x1 no dia a dia rapidamente formou opinião e interesse sobre o tema – e isso explica como a petição pública superou 1 milhão de assinaturas antes mesmo de a pauta ganhar destaque nacional”, afirmam os autores do estudo.
Quando perguntados sobre as razões que motivam as empresas a se oporem à proposta, 65,8% dos entrevistados afirmaram que a resistência se deve ao fato de o modelo atual permitir que as companhias explorem mais os trabalhadores e aumentem seus lucros.
Além disso, 68,1% concordam que a elite econômica sempre se opôs a avanços nos direitos trabalhistas. A maioria (77,6%) entende que mais tempo de descanso resultaria em maior produtividade dos trabalhadores, contestando um dos principais argumentos utilizados por opositores da proposta.
Entre os entrevistados que declararam ter votado em Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de 2022, 44,6% disseram se identificar mais com a esquerda ao saber que o fim da escala 6x1 é uma causa progressista, que foi inicialmente defendida por membros do PSOL. Ao todo, 46,6% dos eleitores de direita afirmaram que sua visão sobre a direita piorou ao saber que parte de seus representantes se opõem à proposta.
As respostas dos entrevistados também sobre como utilizariam o tempo extra com o fim da escala 6x1 destaca o impacto positivo e transformador que essa mudança poderia gerar na vida das pessoas. A maioria preza pela dignidade e equilíbrio na rotina, com mais momentos de lazer, descanso e tempo com a família.
Os participantes responderam de forma anônima e voluntária, fornecendo informações sobre sua demografia (raça, gênero, idade), escolhas políticas, comportamentos e visões sobre o fim da escala 6x1. Confira o estudo completo.