A prepotência e a arrogância de uma parcela das Forças Armadas faz com que muitos militares se coloquem como uma espécie de "casta" privilegiada, acima do bem e do mal e, principalmente, acima da população civil.
A reação esbravejante no vídeo divulgado pela Marinha nas redes, que contesta os "privilégios" dos militares, especialmente na aposentadoria especial a que têm direito, teria sido provocada por uma palavra usada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no pronunciamento sobre o ajuste fiscal.
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Na ocasião, Haddad anunciou o fim da farra na aposentadoria das Forças Armadas, estabelecendo a idade mínima de 55 anos para que os militares possam passar para a reserva.
"Para as aposentadorias militares, nós vamos promover mais igualdade, com a instituição de uma idade mínima para a reserva e a limitação de transferência de pensões, além de outros ajustes. São mudanças justas e necessárias", anunciou Haddad.
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A palavra "igualdade", que equipara militares a civis, teria irritado a cúpula da Marinha, que resolveu produzir o vídeo para atacar o ministro e o governo.
Na Marinha, que teria aderido à tentativa de golpe de Jair Bolsonaro (PL) sob o comando de Almir Garnier, a palavra usada por Haddad foi uma provocação, já que os militares não teriam direito a greve, por exemplo.
A justificativa mostra o ar de superioridade dos militares, que acreditam que a aposentadoria especial seria um "atrativo" para novos quadros.
No vídeo, a Marinha chegou a colocar um sósia do ministro rastejando na lama, mostrando quem seria o alvo do ataque. Haddad não respondeu à provocação.
Privilégios?
O vídeo divulgado no domingo (1º) é uma peça publicitária que, supostamente, integra as comemorações do Dia do Marinheiro. Contudo, a data é celebrada apenas em 13 de dezembro, o que aumenta o estranhamento.
O vídeo transmite a mensagem de que os membros da Marinha não aceitariam perder "privilégios". Para muitos usuários nas redes sociais, o conteúdo é uma provocação à sociedade civil e uma ameaça velada ao governo do presidente Lula.
Com duração de 1 minuto e 16 segundos, o vídeo alterna cenas de civis em atividades cotidianas, como momentos em família, festas ou viagens, com imagens de militares da Marinha em treinamentos intensos ou operações oficiais. A mensagem implícita é que a vida dos militares seria mais difícil e arriscada, enquanto os civis viveriam de forma mais "confortável". A trilha sonora de suspense reforça essa contradição, sugerindo que é a sociedade civil, e não os militares, quem realmente goza de "privilégios".
No final do vídeo, uma jovem militar questiona em tom irônico: "Privilégios? Vem pra Marinha".